Os meus apontamentos: Matéria de 12º ano + 1º semestre de Antropologia e Antropologia Económica + Matéria de CPRI (História das Relações Internacionais; Território e Sociedades; Estudos de Segurança Internacional)
segunda-feira, 4 de junho de 2012
quinta-feira, 31 de maio de 2012
TS
Territórios e Sociedades – Apontamentos
Pequena
Introdução à Disciplina:
a)
Análises Estruturais
e Análises Conjunturais:
Nesta
disciplina há que compreender que existe um ciclo longo e um ciclo curto de
análises estruturais e conjunturais. A aceleração da história implica uma
análise de ciclo curto, ou seja, uma análise conjuntural que pretende
compreender porque é que um determinado fenómeno ocorreu num determinado
período de tempo, ao passo que uma análise de um ciclo longo, ou seja, uma
análise estrutural, pretende compreender como ocorreu as causas que deram
origem a um determinado fenómeno. (Ex: ao analisar a II Guerra Mundial,
examinamos o período conjuntural de 1939-45 (determinado período de tempo em
que o fenómeno ocorreu) e para examinar estruturalmente teremos que retroceder
até ao Tratado de Versalhes que foi uma das causas de eclosão da II Guerra
Mundial (encontrar as causas que deram origem ao fenómeno).
As previsões realizadas ao final do século XX –
início do século XXI são extremamente falíveis, sendo uma das suas causas que
irá motivar um novo caminho da história a queda do muro de Berlim em 1989.
b)
A Europa e a União
Europeia:
A Europa
tem uma história contínua de violência, barbárie e sangue como também uma
história de criatividade para a paz – a questão europeia determinou que as
guerras mundiais só seriam consideradas como tal, quando ocorridas na Europa,
caso fossem noutro lugar, eram consideradas como conflitos regionais que eram
passíveis de serem resolvidos através dos capacetes azuis da ONU.
A Europa
possui a sua influência como também círculos de influência e estende-a pelos
países que aderem à União Europeia e aos seus círculos que são +/- os 100
países que são abrangidos pela União Europeia, provocando algumas movimentações
dentro desses mesmos países, não que seja por imposição mas por opção
estratégica desses mesmos.
Nos últimos
20 anos (1987-2007) ocorreram diversos conflitos internacionais e
acontecimentos históricos tais como: Chile, Darfur, muro de Berlim, Somália, as
guerras do Golfo, mudança de Papa, apart-heid, 11 de Setembro, China, tsunami,
Irão, Afeganistão, Israel, questão da integração migratória, Hugo Chavez no
poder e agenda do milénio, entre muitos outros.
A última
geração permitiu verificar que as questões de natureza política e económica
estão a mudar muito rapidamente e que existem muitos conflitos que ainda estão
por resolver.
1.
Natureza e Sociedade
1.1
Condicionantes Naturais à Fixação e Desenvolvimento da
Actividade Humana
1.1.1 Cinco
Conceitos Base:
1.
Urbanização:
-> Este
conceito está associado à construção de casas e não é propriamente este o
sentido que nos interessa.
-> É o
processo de transição de uma sociedade rural que se vai transformando numa
sociedade urbana – alteração a nível social, cultural, político, económico,
estrutural e de valores, sendo uma questão simbólica de natureza cultural.
Surge, igualmente, o conceito de rua – pequena concentração de pessoas, bens e
serviços, que conduz à necessidade de separação de funções.
2.
Excedente:
-> Este
conceito ajuda a explicar a evolução da humanidade (porque umas causas e não
outras)
-> O
excedente permite garantir a satisfação das necessidades presentes e futuras,
de forma a não ser uma constante preocupação na mente das pessoas.
-> É a
capacidade que as comunidades/sociedades tem para garantir a subsistência
alimentar do grupo, o que só é possível quando o excedente é suficientemente
grande para que as pessoas das comunidades se possam dedicar às suas funções
laborais; o indivíduo deixa de se preocupar com a alimentação, contudo é
necessário garantir a ultrapassagem a determinados patamares de subsistência,
para se dar a segmentação funcional.
3.
Reprodução da Força de Trabalho:
-> A
força de trabalho é o conjunto de indivíduos que tem disponibilidade no tempo e
no espaço para trabalhar
-> A
reprodução de força de trabalho é ter mais capacidade de trabalho e gerar novos
trabalhos ou mais capacidades que a geração anterior
-> Em
termos históricos, as comunidades foram forçadas a resolver a garantia da
renovação da força de trabalho
-> Custo
da reprodução da força de trabalho: quanto é que monetariamente um trabalhador
precisa de ganhar não só para garantir a sua subsistência, mas também, para
garantir que os trabalhadores que lhe seguem possam igualmente subsistir e ter
ainda mais possibilidade de integrar o mercado de trabalho?
-> O
factor que traz desigualdade à força de trabalho é a educação – hoje em dia já
não basta sustentar a educação de 9 anos m nas sim de 12 ou mais. A educação
explica o custo da reprodução da força de trabalho.
4.
Acumulação
-> é um
conceito que está ligado à política e economia.
->
processo segundo o qual se acumula riqueza – como é que os países e as
comunidades são capazes de acumular riqueza e em que períodos de tempo e em que
determinados períodos se deu uma aceleração da acumulação de riqueza. Há etapas
na história quando essa capacidade de acumulação aumentou (ex: revolução
industrial) ou diminui (ex: crash de wall street – 5ª feira negra).
5.
Trocas
-> É um
conceito que está ligado ao conceito de acumulação
-> É a
forma que as comunidades arranjaram para buscar o que não possuem
-> Há
dois conceitos interligados: a importação e a exportação
1.1.2
Mapa Físico Mundial:
“A natureza
tal como a vida é injusta nos seus atributos” – o mundo, do ponto de vista
geográfico, é injusto. A geografia está a passar por tempos difíceis, porque
aponta para uma verdade incómoda, uma vez que a natureza é injusta.
A primeira
questão é a sazonalidade climática. No mapa-mundo os países mais desenvolvidos
estão todos localizados na mesma faixa. A inexistência do Inverno traz logo uma
grande desigualdade no apanhar de doenças tropicais. Os europeus estão numa
latitude boa, beneficiam da corrente do golfo – água quente na zona do equador
– e dá origem ao clima temperado (nem muito quente, nem muito frio), que ajudou
no desenvolvimento da Europa e é favorável á fixação humana. A faixa do clima
temperado beneficiou extremamente a Europa. O degelo do árctico pode ter
consequências nefastas, como o afastamento da corrente do golfo para sul e
consequentemente a alteração do tipo de clima europeu. A existência de rios
navegáveis na Europa foi uma condição natural favorável à fixação humana bem
como a acumulação de excedentes.
Isto são
questões cruciais para a fixação humana. Estas são importantes para perceber a
realidade de forma a compreender os condicionantes que explicam a fixação
humana em determinados locais bem como as dinâmicas políticas, económicas,
sociais, culturais e geográficas.
1.2
A Desigual Distribuição da População à Escala Global
Uma outra
questão é a desigual distribuição da população. o que importa analisar é como
as sociedades conseguiram ultrapassar as barreiras naturais que se lhe
apresentavam de modo a se puderem fixar e substituir em certas zonas.
1.2.1 “Excepcionalismo
Europeu”
A Europa é um continente pequeno e se descontar a
parte que vai até aos Montes Urais, a Europa fica ainda mais pequena. Apesar da
sua pequena dimensão, a Europa desempenhou um papel muito importante na História
Mundial. A existência de planícies férteis (existência de pastos mais ricos
permite sustentar animais de porte maior, como também permite uma maior
capacidade de combate e de garantia de subsistência alimentar e os animais de
grande porte, são utilizados para o transporte como também a sua utilização
para fins militares e até correio) e beneficia uma latitude favorável.
É importante a existência de uma autoridade
centralizadora que organiza a vida populacional. A queda e a decadência destas
autoridades centralizadoras têm como consequências – guerras, desorganização,
caos, inexistência de um soberano/poder centralizado, enfraquecimento económico
e insegurança.
Na 1ª fase de evolução da Europa deu-se a decadência
e a queda do Império Romano em 476
a .C. o que lançou o caos na Europa, conduzindo à
fragmentação da Europa em pequenas autoridades políticas distanciadas entre si
devido à ausência de uma autoridade central; descentralização do poder;
guerras; desorganização completa dos sistemas de transporte e de alimentação.
Esta 1ª fase é considerada como uma das causas principais do excepcionalismo
europeu.
Na 2ª fase deu-se a invasão bárbara que assolou a
França em 732 onde se deu a Batalha de Poitier, onde os franceses travaram a
invasão árabe, o que irá mudar irreversivelmente a Europa. Todo este processo
de desconstrução e posterior construção é uma das razões que explicam a grande
diversidade linguística e cultural da Europa – o latim era a língua comum a
todos os europeus, que ocorre no século III e IV (esta diversidade linguística
teve origem no processo de desagregação.)
Foram necessários 600 anos para ocorrer outra batalha
para expulsar definitivamente a invasão bárbara e evitar que estes detivessem
algum tipo de poder e influência na Europa, que foi a Batalha do Salado que se
deu para os lados de Cadiz, em
que Portugal e Espanha lutaram lado a lado. A invasão árabe
teve uma longa duração – 600 anos – com uma contínua influência política
através da tentativa de invadir a Europa para a conquistar.
E assim começa uma nova fase que durará sensivelmente
200 anos, em que surge quem é considerado como o “Pai da Europa” – Carlos
Magno, onde se inicia o processo de construção europeia. De 750 a 1000 é a 3ª fase da
evolução, que é uma fase de organização do ponto de vista político onde se
inicia a fase de urbanização que é crucial, pois vai permitir que a Europa
durante os 500 anos seguintes comece a construir as condições necessárias para
consolidar pequenas condições/vantagens que no seu conjunto levarão a que a
Europa em 1400/1500 a ter as condições essenciais para dominar o mundo. Não
podemos esquecer que existia a oposição asiática (China) que faziam frente à
Europa e que não sairiam vitoriosos devido a dois factores: a existência da
banca e ao erro do Imperador Chinês, que após inúmeros actos de pirataria,
decidiu mandar regressa a sua enorme frota, além de que os chineses estavam na
vanguarda de muitas áreas (ex: pólvora).
Concluímos que este “excepcionalismo europeu” ocorreu
na Idade Média, no período de 500
a 1500.
A época anterior de 500 foi uma época que se segui ao
fim do poder central de Roma e da influência deste Império (476). Entre 500 a 750 deu-se a construção
de estrada e de redes de transporte, deu-se à fragmentação do poder político
que conduziu à construção de pequenos reinos distantes entre si onde era
difícil a instituição do poder; do ponto de vista administrativo, os romanos
deixaram nos um grande legado administrativo; era muitas vezes através de
acordos que os romanos mantinham o seu poder. É neste período que a Europa
começa a reorganizar-se. No período de 1000 a 1500 a Europa existente tem uma influência
romana, judaico-cristã e visigótica; dá-se uma limitação do poder dos
soberanos; começa a reorganização da Europa, onde se resolvem uma série de
questões anteriores e se vão formam-se cidades. Este período foi muito
conturbado pelas negociações existentes.
De 1000 a 1500, é que se
conseguiram os avanços necessários para o desenvolvimento da Europa – os
descobrimentos; o desenvolvimento de novas tecnologias e técnicas; o relógio
moderno que irá revolucionar a economia e os tempos de trabalho; a imprensa que
será muito importante na difusão de ideias e mentalidades e da palavra escrita;
deu-se o início da separação do Estado e da Igreja no Norte da Europa e o
início do Capitalismo; a navegação marítima e as suas descobertas deram uma
enorme vantagem à Europa; mutualismo que é uma organização proto-moderna de um
sistema financeiro e um sistema bancário mais evoluído; progressiva separação do
poder temporal e espiritual
No século
XII e XIII em Irlanda e Itália ocorreu um grande desenvolvimento económico e
financeiro – o Capitalismo - que designa um modelo de organização social e
económica, com acordos entre o poder político e o poder económico.
1.2.2 Existem duas ou três dimensões na
história ligadas a factos com relevância política:
a)
Sacralização: domínio das regiões. Questão do
posicionamento em relação às três grandes
religiões monoteístas.
b)
Simbolismo: é preciso saber que determinados locais
ou estruturas têm diferentes dimensões simbólicas.
c)
Mitos Fundadores: as nações gostam de se
reportar a um acontecimento factual que será o seu mito fundador numa dimensão
histórica. Este mito fundador é apoiado e é quando se dá a alteração da lógica
de subordinação (desaparece), onde um grupo faz a alteração desta lógica
através da ruptura com as estruturantes dominantes, nunca é uma ruptura
pacífica, pois a estrutura dominantes não quer perder a sua autoridade e
subordinação. Passa, também, a ter independência no que respeita ao poder de
decisão. Pretende-se identificar um tempo e um espaço onde surge o mito
fundador.
Esta lógica
de subordinação de poder tem uma base geográfica comum a todos os conflitos
existentes. A partir do momento em que aparece um grupo com uma dimensão
política, significa que estes estão subordinados. Os acordos de divisão de
subordinação dão origem a conflitos territoriais e por ter uma dimensão
geográfica são dolorosos de resolver (ex: questão de Israel).
1.3
A Génese das Regiões Culturais
a)
A Europeização do Mundo
O ano 1000 é o ano de partida. Nos séculos XV – XVIII, há
uma corrente de europeização oriunda da
Europa,
para o resto do mundo. Mas porque a Europa? A Europa estava entalada a este
pela Rússia, influência do império árabe. A Europa nunca foi um continente
muito rico em recursos, o que leva a Europa a procurar recursos noutras zonas e
também à procura de mercados. Dispunha de um bom progresso tecnológico
(mecânica, hidráulica, óptica, técnicas de navegação). Progresso em termos de
uma nova ordem económica – o capitalismo, que nasceu na Europa. Isto implica a
defesa e o elogio da iniciativa privada. Não pode haver um chefe ou imperador
que se possa operar do que é privado, o que vai implicar o desenvolvimento dos
seguros, essencial à expansão marítima com o desenvolvimento das técnicas
ligadas à navegação e o desenvolvimento da lógica dedutiva e matemática.
1.
A Revolução
Industrial
Há uma influência do pensamento dedutivo que para a lógica
é crucial no século XVII, com o impacto da mecanização - agricultura e
manufactura, o que gera produtividade e rendimento.
A
revolução industrial foi o elemento crucial da europeização, com o ganho de
lucros e de produção. Acentuação da diferença entre os países industrializados
e desenvolvidos (europeus) e os não industrializados e pouco desenvolvidos
(resto do mundo).
2.
A primeira
europeização do mundo
A
primeira europeização dá-se no começo do século XV. Os países responsáveis são
Portugal e Espanha, e mais tarde a Inglaterra e a França.
(Razões)
Portugal tinha hipóteses para expandir para o oriente, mas estava travado pela
outra potência. A produção alimentar em Portugal era irregular; Questão da
consolidação do projecto político português e consolidação do poder; Espírito
das cruzadas; Motivação dos portugueses era clara – ouro da Guiné; Modo como os
portugueses aproveitava os conhecimentos marítimos; Portugal importava dos
outros países grandes cérebros.
Consequências
destes Movimentos:
- Os europeus chegaram aos
continentes todos, instalaram-se e negociaram. Estes chegam cheios de gripes e
doenças e os navegadores precisavam de mão-de-obra produtiva, só que tinha
contagiado os latinos, por isso tiveram que ir buscar a sua mão-de-obra a
África – o tráfico de África passou a ser uma necessidade.
- Estabelecimento de um regime
de trocas mais ou menos global e estabelecimento de uma rede comercial global
- Difusão universal da utilidade
das plantas que vai mudar as estruturas produtivas e segurança alimentar dos
europeus
- Difusão das línguas europeias
– expansão do património linguístico europeu
- Consolidação do domínio
geopolítico europeu e posteriormente, quem fica com o domínio são os
descendentes dos europeus
Esta primeira europeização
consolidou as vantagens da Europa, relativamente aos restantes continentes.
3.
A segunda
europeização do mundo
Nesta
segunda europeização do mundo há uma deslocação dos avanços para o centro e
norte da Europa – da península ibérica (Portugal e Espanha) para França,
Alemanha, Inglaterra e Holanda, que começam a ganhar protagonismo. Nascimento
de doutrinas protestantes baseadas na disciplina que nasceram nos países da
Europa do Norte.
O
elemento crucial associado à segunda europeização é a Revolução Industrial, com
o ganho de produtividade e rendimento.
Vantagens
da segunda europeização (que algumas já advém da 1ª europeização):
-
Institucionalização do sistema de trocas. Burocratização. Nascimento dos
conceitos de centro e periferia.
- Regulação do transporte
marítimo internacional a seu favor
- Nascimento do sistema segurador marítimo (crucial visto
que havia grandes probabilidades de insucesso)
- Avanço na engenharia mecânica
que advém da Revolução Industrial
- Consolidação de sistemas
administrativos eficazes, ligados a economias liberais, na protecção dos seus
interesses
- Difusão da palavra escrita –
literacia, que dá vantagens nas áreas de ciências e humanidades
- Difusão progressiva do conhecimento científico pela
Europa. Ampliação do conhecimento. Nascimento de organizações de ciências e
clubes em determinados áreas de estudo. Valorização da matemática e imposição
do método científico-dedutivo.
- Ética protestante: defesa do empresário e conseguir
investimentos e manter uma certa sobriedade de vida
Em
termos mundiais, esta 2ª europeização vai marcar a consolidação destas
vantagens científicas e geográficas e o sistema de trocas europeu. Esta 2ª
europeização significa o estabelecimento de uma lógica europeia de estruturação
mundial e o estabelecimento de uma ordem geopolítica por padrões europeus.
2. Espaço e
Civilização
2.1. O Conceito de Civilização
Civilização
é o modo como um grupo humano se aproveita do tempo e do espaço. Está,
portanto, intimamente ligada ao espaço, e consequentemente aos recursos. No
espaço, há duas dimensões distintas: o espaço e os recursos:
- O espaço implica a relação com o
espaço exterior e com as comunidades externas. Prende-se com questões de
subordinação e de fronteiras, que são razão de conflito, uma vez que há uma
diluição das lógicas de subordinação. As áreas de fronteira são alvo de
conflito e de avanços e recuos – ficam muitas vezes áreas cinzentas, onde não é
clara a subordinação política. São áreas de diluição de poder. Estratégias para
combater essa diluição política passam por instalar órgãos ou comunidades de
poder representativo central que “lembrem” às populações a quem se devia a
subordinação.
- Os recursos, que podem ser naturais ou construídos.
Os recursos são uma expressão da civilização, e consequentemente, os recursos
construídos são os mais importantes. As arquitecturas exprimem dados
civilizacionais e são recursos construídos e traduzem quadros de valores de uma
civilização e são a manifestação de um determinado valor.
A tecnologia é um modo facilitador de como os grupos
humanos se apropriam do tempo e do espaço, sendo uma espécie de intermédio
entre eles.
A fronteira, como é obvio, é uma área de tensão e
onde a subordinação está diluída; está afastada do centro de decisão, sendo
muitas vezes incerta e vai mudando com o tempo; deve-se marcar presença para
evitar a diluição do poder; há o afastamento da autoridade central que vai
fazer com que a consolidação e desenvolvimento de um projecto sejam difíceis.
Os elementos da civilização são:
a)
Valores:
- Espirituais:
prendem-se com as crenças e com a fé de cada civilização. Há um conjunto de valores
espirituais comuns à Europa ligados à Mãe Natureza uma vez que havia uma
dependência alimentaria e não grande abundância de recursos. Traduz um quadro
de valores espirituais.
- Materiais: relação de
valorização ou desvalorização do dinheiro ou bens materiais.
b)
Sagrado/Simbólico: ligado aos espaços de
culto que são típicos e característicos de determinadas civilizações. O sagrado
é simbólico.
c)
Leis: quadro de leis regulador, punitivo
e valorativo de uma determinada civilização. O quadro de leis ocidental é
judaico-cristã bastante baseado nas leis romanas e no direito canónico. É um
traço básico para o funcionamento de um país que estabelece limites e as
sanções para que os ultrapassar.
d)
Organização Económica: sistema económico
adaptado pelas civilizações. Varia entre o capitalismo, socialismo, etc. Há
civilizações com sistemas dualistas, ou seja, compostos por uma vertente
tradicionalista – com a maior parte da população e mais atrasada, e uma
vertente capitalista dominada por uma pequena elite com grandes lucros. Esta
situação causa geralmente um grande mal-estar social, mas vigora em alguns
países como, por exemplo, a China por ter dois sistemas de organização
económica distintos.
2.1
Do Nomadismo à Sedentarização: Efeitos na Organização do
Espaço
O que implica a sedentarização? Uma característica da não
sedentarização é que não está associada
a
uma lógica de estrutura do poder, pois este tem a ver com a lógica de
subordinação, e consequentemente, com a lógica de sedentarização.
A sedentarização tem influência
sobre a forma de como o poder se estrutura, o que implica uma experiência muito
concreta e específica – o lugar – o que está ligado por diversas razões ao
poder. Isto tudo leva a uma segmentação de onde é que existe o quê – lugar de
culto, cemitério, centro de poder, e também implica, consequentemente, uma
divisão, onde os empreendimentos têm um lugar de destaque – centralidade (por
segurança), visibilidade (por afirmação do poder) e altitude (por defesa e
resistência – acesso dificultado). Alguns países movem as suas capitais para se
tornarem mais centrais, longe das fronteiras, tornando o país mais heterogéneo
e de forma a ter alguma capacidade de resistência.
Há uma noção de fronteira como
limite de subordinação entre o conflito e a não sedentarização, por isso, é que
anteriormente as fronteiras eram feitas por rios ou depressões de terreno que
são mais facilmente identificáveis.
2.2
O Papel da Agricultura na Fixação das Populações
Quando a agricultura se começa a estabelecer, irá se
evidenciar de uma forma mais visível a dois processos: o solo vai passar a ser
terra de cultivo (significado simbólico) e quem possui terra e quem não possui
terra o que dá prestígio, poder e influência.
A génese dos conflitos está precisamente associada à
apropriação de terra.
Reconhecer,
Orientar, Nomear e Instituir são os quatro passos de dominação política.
a) Reconhecer:
1. Localização Relativa: é
o estar perto de um lugar.
2. Memória: existência de
elementos geográficos (perto de um rio, árvore, café, etc)
3. Pontos de Referência: existência
de elementos geográficos (perto de um rio, árvore, café, etc)
4. Mapas Mentais: formação
de “mapas mentais” que podem estar baseados em elementos geográficos afectivos
e culturais. Reconhecimento.
5. Construção de Imagens de Culto: valor simbólico atribuído por cada comunidade
b) Orientar:
1. Localização Absoluta: coordenadas
geográficas – latitude (forma de mediação relativamente rápida e milenar) e
longitude (forma de mediação complicada, ligada ao cronometro)
2. Sistemas de Referência: gps,
sistemas de navegação, etc; inexistência de mecanismos antigos de referência
(marés, ventos, …)
3. Sociedades Confinadas e Sociedades Expansivas: (termos
históricos-políticos)
a) Sociedades Confinadas: sociedades arcaicas que são aquelas
que ainda se orientam através de instrumentos de referencia básicos. Não os
desenvolveram nem adoptaram os modelos por outros desenvolvidos. Estas não
passaram da localização relativa. Os conflitos são muitas vezes desencadeados
por sociedades confinadas em comparação com as sociedades expansivas.
b) Sociedades
Expansivas: sociedades que tiverem de desenvolver formas funcionais de
referência e localização rigorosas (gps, …). Nestas sociedades, o conflito
desencadeado tem uma base territorial. Os conflitos que tem uma base mundial em
termos geográficos foram conflitos entre sociedades expansivas – os acordos
territoriais existentes tem em conta não só o conteúdo do território como
também outras áreas a nível mundial (colónias).
É preciso desenvolver sistemas
de referência que funcionem a grandes distancias, sobretudo quando estamos
rodeados por água. Foram os europeus os primeiros a inventar os primeiros
sistemas eficazes de localização longínqua.
c) Nomear:
1. Apropriação
2. Toponímia (História): permite
fazer um historial das ordens de poder e lógicas de subordinação. Permite,
igualmente, fazer a história dos impérios
d) Instituir Lugares e Territórios (Processo Sequencial)
1. Mitos Fundadores:
2. Celebrações de Mito:
a) Da cidade do país
b) A fronteira (risco): a
fronteira é uma divisão económica, física, sociológica e psicológica. Há uma
lógica de divisão e uma consciência mitológica da fronteira.
Os
conflitos são gerados por apropriação de territórios. Desde os tempos
primórdios que isto acontece. Os conflitos europeus são mais falados devido a
existência de registos escritos. Na época de cruzadas foram destruídos lugares
e voltaram a ser instituídos novos lugares. Este ponto do programa refere-se à
alteração de nomes devido à Revolução.
2.5. As Organizações Territoriais:
1.
Concentração vs
Dispersão:
Existe uma dicotomia entre as
sociedades: urbanas – concentração de tudo: organização política, económica,
bens, serviços, cultura, intelectual, social – e rurais – caracterizadas pela
dispersão de tudo. Há uma concentração na urbe de inúmeros organismos.
2.
Três Tipos de
Sociedade:
a.
Sociedades Arcaicas:
->
Sociedades caracterizadas pela importância dos laços familiares como um
elemento fundamental de estrutura
->
É uma sociedade com um grau de ligação ao exterior pequeno, com limites devido
à existência de estruturas pequenas, com
uma lógica territorial restrita
-> São sociedades pré-industrializadas
b.
Sociedades Intermédias
->
É nestas sociedades que se dá a afirmação definitiva da cidade como um ponto de
concentração de elites: políticas, culturais e intelectuais
->
Impacto da difusão crescente da alfabetização e da escrita
->
Melhor desenvolvimento dos transportes e das comunicações
->
Afirmação de organização territorial com alguma expressão política (reino,
império)
->
Assistem a uma complexificação do ponto de vista das organizações como
expressão territorial
c.
Sociedades Pós-Industriais
->
Os elementos de transição de uma sociedade intermédia para uma sociedade
pós-industrial são a revolução industrial e tudo o que ela determina, os
transportes e as comunicações
->
Tem organizações territoriais em rede e complexidade destas
->
Predomínio de relações económicas
->
Sociedades muito abertas ao exterior, medida em gestão comercial – trocas
comerciais e trocas culturais
->
Perdas aceleradas de emprego e a nova pobreza humana – desempregados com poucas
qualificações, com mais de 40 anos, que ganham poucos ou o insuficiente para
sair da pobreza – são os aspectos negativos das sociedades pós-industriais
europeias
3.
Elementos em
Mutação:
Dificuldade
em prever o impacto da sociedade em rede, com a invenção de bases de dados e
inovações tecnológicas. Cultura e movimentos urbanos.
2.6. Organização do
Espaço: Transportes e Comunicações
O
desenvolvimento dos transportes e das comunicações são inovações militares com
repercussões
a nível da sociedade e do
civil. Estes dois elementos são importantes quando se fala de conflitos com uma
forte expressão territorial.
a)
Difusão <->
Dinâmica
As
sociedades são dinâmicas por natureza e exercem processos de difusão de bens,
pessoas, capitais, ideais, ideologias, modas, tudo o que se quiser. A questão
da difusão tornou-se numa questão política, com a livre ou não livre difusão de
bens, serviços e cultura. Quando falamos em difusão, devemos sempre valorizar a
sua dimensão política.
b)
Estrutura/Suporte/Mudança
O
território é estrutura, porque em si mesmo é uma malha de circulação. O
território é suporte das comunidades. As sociedades observam mudanças muito
complexas ao nível das comunicações e transportes (desenvolvimento) – os
transportes permitem uma separação física externa, o que provocou alterações de
distância entre o local de trabalho e casa. As distâncias mais importantes já
não são as distâncias espaço-tempo.
c)
Redes
Com
questão da mudança, fala-se em redes – da sociedade em rede, redes de
cooperação política…
As redes são plataformas de
transportes e comunicação que sustentam um território.
d)
Diferenças entre
Países Desenvolvidos e Países não Desenvolvidos
Existe
uma grande diferença entre estes dois tipos de países a nível de
desenvolvimento de comunicações e transportes, como o atraso estrutural. A
recuperação não é um processo assim tão fácil devido a dinâmica existente e os
países que eram antigas colónias nas suas infra-estruturas estabelecidas eram
em função da potência colonizadora e os seus interesses.
e)
Inovação –
Metanacionais
Há
inovações que surgiram com a globalização. As metanacionais surgem como algo
que tenha vantagens em permanecer nos países desenvolvidos, que estão fortemente
ligados à investigação tecnológica e científica e para tal permaneceram nos
países desenvolvidos. Uma boa parte destas empresas são de transportes e de
comunicação (ex: Nokia, Airbus).
f)
Objectivo – Futuro
Quando
falamos do futuro, falamos de objectivos e de política. Ate onde podem ir,
quais são os limites? Aonde acaba a liberdade individual e autonomia dos
Estados. É uma questão complicada, mas altamente relevante. Existe a
necessidade de maior fiabilidade dos sistemas de transportes e comunicações
mais rápido e mais eficientes. A fiabilidade á algo cada vez mais procurado
hoje em dia.
2.7. Espaço e Acção Humana
a)
Agricultura
A
geografia cultural debruça-se sobre aspectos muito interessantes. A perenidade
é o consumo de espaço – a agricultura.
b)
Indústria
Na indústria,
há um território que dispõe desta, tende a apresentar uma maior dinâmica. A
acção humana está ligada à industria, o que mudou muito mais o mundo, do que a
agricultura. Daí que nos conflitos, os adversários procurarem sempre destruir
ou danificar as suas estruturas industriais. A verdade é que o grande avanço
tecnológico só surge com as guerras.
c)
Terciário
Este
tornou-se o grande símbolo do capitalismo e supremacia do sistema. Não é por
acaso que o 11 de Setembro ocorreu em Nova York nas torres gémeas. Os transportes
também surgem associados a estes últimos dois pontos (indústria e sector
terciário) pois criam novas referências no ambiente.
2.8 Natureza e
Construção: uma Geografia Mundial dos Recursos
A relação
das comunidades com o seu território é ma marca da civilização/elemento
civilizacional.
Como é que as comunidades
permanecem ou não no tempo? – aqui surge a temática da permanência – porque
motivo algumas comunidades vão sobrevivendo e outras acabam por sucumbir. É um
tema difícil, porque não existe só uma explicação. É o estudo do fenómeno da
decadência.
Os conflitos, muitas vezes, correspondem à primeira
manifestação de um fim, da decadência. Este tem consequências a nível das
comunidades e das civilizações. Portanto, concluímos que os conflitos precedem
sempre a decadência.
Os impérios têm também simbolismos, bem como os
países que entram em
conflito. Se existe algo que separa as comunidades são o
simbólico e o diabólico, que é uma diferença do ponto de vista da civilização.
Simbólico é aquilo que une uma comunidade, que não é religiosa, e o diabólico é
aquilo que separa as mesmas.
3. Território e
Poder
3.1. O Sentido
Territorial de Pertença
A
integração de um indivíduo numa comunidade baseia-se em dois aspectos
fundamentais: os laços parentescos e as competências, que são cada vez mais
importantes.
É
uma questão de símbolos que traz à tona a lógica de pertença - uma comunidade
sente-se unida e pertencente a algo com base na existência de símbolos comuns.
Uma crença comum, o domínio de uma língua, uma proximidade cultural forte são
elementos de um sentido territorial de pertença, que também envolve as
comunidades afectas. O sentido de pertença tem uma dimensão afectiva e outro
territorial, que depois se cruzam numa dimensão política.
A territorialidade é o território pugnado de cultura.
A família é o primeiro sentido de pertença que nos temos e a partir daí existem
hierarquias de relações que nós estabelecemos.
3.1.1 Tipos de Comunidade:
a)
Comunidade de Lugar:
comunidade que está territorialmente definida.
b)
Comunidade
Religiosa: comunidade baseada numa crença
comum.
c)
Comunidade de
Projecto: comunidade baseada no que se quer
ser. Há quem chame a comunidade de Utopia, que pode ser integrada ou
desintegrada. Traduz o tipo de comunidade futura que se ambiciona construir.
Muitas vezes pressupõe (Kosovo e Timor Leste – estavam integrados numa comunidade
na qual não queriam estar integrados.
São construídas na passagem do tempo – é um processo
histórico demorado. Não é apenas uma divisão política para cada lado. As
populações sentem um sentido de pertença igual a todos. Uma população pode
sentir-se numa comunidade de projecto e existir um grupo relativamente grande
que tem outra noção de comunidade de projecto.
3.1.2 Noção de
Pertença: é uma questão difícil. É uma
questão da ciência política em relação ao sentido de pertença – explicar a
(in)existência de sentido de pertença e tentar enquadrá-los no sentido
político. O que pode influenciar o sentido de pertença – possibilidades:
a)
Comunidade de
afectos: reconhecimento através de um laço
de afectividade que vai até um certo ponto mas que depois desaparece. Apesar de
a fronteira política ser importante e decisiva, contudo, a comunidade de
afectos não se esgota nela (não se confina).
b)
Questão Simbólica: reconhecimento colectivo de símbolos, que podem ser de
natureza múltipla: religiosa, cultural, …
c)
Códigos Comuns: alfabeto e língua comum são factores poderosos para
explicar o sentido de pertença – indivíduos que falam todos a mesma língua têm
um sentido de pertença maior. A fronteira política tem o peso que tem, mas não
é um factor decisivo, uma vez que as línguas não tem de estar associadas às
fronteiras existentes.
3.1.3
Questão da Natureza Política do Sentido de Pertença
É
um comum reconhecimento de sentido de pertença e de autonomia, que é
necessário, do ponto
de vista internacional, pelo
reconhecimento da existência de uma administração e governo central reconhecida
pela própria comunidade, como também o reconhecimento da comunidade
internacional dessa afirmação.
3.2. Espaço,
Território e Fronteira
3.2.1
Questão da Memória Colectiva
Esta
questão está ligada à identidade. Há uma relação entre memória colectiva e
território e
Territorialidade - é o território impugnado de memória colectiva, com o
reconhecimento do território que não lhe é uma realidade estranha. É um
processo histórico que pode ser secular ou não. Esta relação tem uma tradução
política concreta.
Os massacres étnicos têm como principal objectivo
destruir/apagar a memória colectiva de um determinado grupo étnico, sendo,
posteriormente, mais fácil impor a nossa memória colectiva aos (poucos) que
restam. A consciência de um inimigo comum é um elemento fortalecedor da memória
colectiva, que é o suficiente para esbater as divergências a nível interno,
acabando por se unir face a uma determinada ameaça. O que por seu termo, está
relacionado com o genocídio, que consiste na tentativa de apagar memórias
colectiva para que a submissão e dominação seja mais fácil.
3.2.2
Considerações sobre a Fronteira
A fronteira tem diversas dimensões e poder, pois pode
ser uma fronteira natural ou construída, política ou identitária, como pode ser
um poder imposto, negociado e aceite ou não.
A fronteira pode ter como não ter limites definidos,
e baseia-se não no poder, mas em questões de natureza cultural, linguista,
religiosa, entre outras. Este tipo de fronteiras podem ou não ter um
reconhecimento político e beneficiar de um enquadramento politico algo
diferente.
As
causas de movimentação de fronteiras são acordos, compensações de guerras e
conflitos.
3.3. Mapas, Estado e Império
3.3.1
Sobreposição Cartográfica
Sobreposição
cartográfica: inclui um mapa básico de relevo com um mapa geográfico por cima
que
mostre o inicio e o fim do
conflito. Esta técnica é muito importante quando se trata de conflitos armados
e consequentes movimentações militares.
3.3.2 Mapas
Os mapas podem ser analisados politicamente de duas
formas diversas:
a)
Estóica: em determinado ano (algo de concreto)
b)
Diacrónica ou Cronológica: durante um determinado período (ex: 25 anos). É possível
verificar a movimentação de fronteiras, por duas opções: aumento de um país e
diminuição de outro, sem o nascimento de
novos países, como o nascimento de novos
países e desaparecimento ou não de
outros.
Ao
nível das fronteiras, podem surgir os chamados Estados artificiais/tampão –
surgem como países sem memória colectiva, para travar os conflitos entre outros
países. São países que surgem duma terra que já não pertence a um nem a outra
parte do conflito.
3.4 Recomposições do Mapa Político no
Século XX: Agregação “vs” Desagregação
No
século XX, há dois grandes movimentos na geografia política, um movimento de
agregação e um outro movimento de desagregação. Um movimento de agregação é a
criação da CEE (1957) e da União Europeia, como a criação da NATO e exemplos de
movimento de desagregação são a independência de certos países africanos, a
independência da Jugoslávia (6 países novos) e fim dos impérios coloniais.
Estes movimentos de agregação tem uma lógica
diferente da tradicional lógica de império – tem a ver com trocas comerciais,
económicas, politicas, entre outras.
3.5. As Geografias da Globalização: Novas Recomposições Territoriais
Existem vários tipos de
globalização, entre as quais se destacam a globalização financeira, económica e
cultural.
a)
Globalização
Financeira:
1. É a globalização mais avançada e mais
desenvolvida
2. Como vantagens: de facilidade de gestão de
contas, créditos, compras, cambio, transferências financeiras e funcionamento
da bolsa
3. Como desvantagens:
- Risco
Sistémico: noção de sistema e perigo: uma má decisão financeira num sistema
(externo) pode acarretar diferentes perigos. Há factores que potenciam o risco
sistémico – a não ponderação dos créditos que são concedidos, descobertos
(levantar dinheiro sem ter dinheiro na conta, onde o banco espera que após uns
dia o dinheiro levantado seja restituído); pânico que afecta as movimentos
financeiros. O mundo precisa de “dinheiro fresco” para aplicação imediata.
-
Branqueamento de capitais: gestão de dados (ex: Ilhas Caimão). Deve haver uma
cooperação internacional entre polícia.
b)
Globalização
Cultural:
1.
Famoso modelo “american way of life” – modelo
cultural e de sociedade (ex: enlatados televisivos que vendem para o
estrangeiro)
2.
Está ligada a símbolos
c)
Globalização
Económica:
1.
Duas características essenciais são: o sector de
tecnologia mais avançada e lógica das redes, que são, simultaneamente,
características centrais das fábricas da globalização económica
2.
Um indicador é as trocas comerciais norte-norte
e norte-sul mas fala-se muito pouco das trocas sul-sul, que são cada vez mais
importantes. Há uma oposição entre as trocas comerciais entre o norte-norte, o
que também começa a acontecer nas trocas sul-sul.
3.
As trocas comerciais têm na sua essência a ver
com os regimes de trocas internacionais e com a divisão internacional do trabalho
onde se estabelecem os conceitos de centro e periferia. Estes dois domínios
estão interligados com a globalização económica.
4.
NOEI – Nova Ordem Económica Internacional:
- trocas comerciais
desiguais: troca de bens naturais por bens industriais, o que significa que os
países produtores de bens naturais têm de produzir os produzir em massa para
poder negociar e financiar a compra de bens industriais – estes primeiros ficam
sempre a perder.
- As trocas comerciais e a
divisão de trabalho é um começo de mal-estar da globalização económica: o norte
possui bens industriais e o sul possui bens naturais.
- o desemprego nacional
tradicional é uma consequência da globalização económica.
- está em mutação a passagem
do recurso natural para um recurso político – temos que ir buscar um recurso
que não possuíamos a outro lado.
4. Existe uma deslocalização de fábricas para
sítios onde o espaço é maior e mais barato e onde também a mão de obra é mais
barata.
5. Consequências pouco visíveis:
-
garantia da manutenção do consumo a um determinado preço
-
desemprego dos blue-colour (empregado fabril) e dos white-colour (empregado
empresário)
3.6. A Emergência de Novas Geografias Culturais
Até aos anos 60, a geografia cultural baseava-se na análise
do modos vivendi das sociedades e também na análise das novas identidades
culturais mundiais. A partir desta data, a igualização da tecnologia agrícola
que está associada à diferença tecnológica acelerada da reprodução agrícola nos
países em desenvolvimento, e consequentemente, também se dá uma alteração da
ligação entre o homem e o meio, e do homem e o trabalho.
A lógica da geografia cultural sofre uma crise devido
a esta alteração da interacção do homem com o meio. Os problemas e as
realidades problemáticas tornam-se urbanos.
Existência de trabalho urbanos e industriais mais
mutáveis, que não eram tidos em consideração na geografia cultural.
4. Problemas e
Desafios do Mundo Actual
Existência
de problemas urbanos e ambientais na sociedade civil.
Pela
primeira vez, a população urbana é o dobro da população rural, o que é natural,
uma vez que a população urbana cresce mais depressa do que o ritmo médio da
população mundial. Isto coloca diversas questões, como: - Como se geram cidades com milhões de pessoas?
- Até que ponto irão crescer as cidades?
- Questão do abastecimento de água, alimentos, saneamento
- Questão da gestão das infra-estruturas
- Questão da manutenção de um sistema de transportes
adequados e acessíveis
A
maior parte das grandes cidades encontram-se nos países em desenvolvimento e
tornam-se numa espécie de alternativa, quando não existe alternativa nenhuma.
A
questão urbana tornou-se numa questão problemática devido aos problemas
ambientais, poluição, abastecimento, trabalho, entre outros problemas que lhe estão
associados (ex: guetos).
4.1. A Competição Pelo Acesso aos Recursos Energéticos
4.2. A Desertificação e as Catástrofes Ambientais
4.3. O Crescimento Urbano e os Problemas Sociais Urbanos
Há
que melhorar a vida quotidiana dos habitantes e há que consciencializar que os
problemas urbanos por ricochete provocam problemas rurais.
4.4. A Crescente Desigualdade Social a Diferentes Escalas Geográficas
4.4.1
A Pobreza e a Exclusão: Dois Fenómenos Associados à Desigualdade:
A
pobreza e a exclusão são dois conceitos diferentes associados à desigualdade. Da
mesma forma, tanto a pobreza como a exclusão são conceitos que me determinadas
dimensões estão relacionados. A questão da desigualdade é um fenómeno que já
existe há muito tempo, mas só a partir do século XX é que se tornou numa
problemática muito séria devido à consciencialização da grande desigualdade
entre os países, e só no século XX é que a pobreza e a exclusão se tornam numa
discussão séria e preocupante.
Estes
são dois fenómenos muito antigos que datam a altura na Idade Média, quando quem
não
possuísse terá, era excluído.
Foi aqui que nasceu a primeira divisão desigualdade. Trata-se de dois fenómenos
de longuíssimo prazo.
A pobreza e a exclusão são conceitos diferentes, mas
que tem uma determinada ligação.
4.4.2 Estudos
sobre a Pobreza e a Exclusão:
A
partir dos anos 50 e 60 do século XX, aprofundam-se os estudos e análise sobre
a pobreza e a exclusão. E a partir dos anos 90, existe uma consciencialização
da existência de certas populações sobre as cais recaem certos estigmas – como
os seropositivos, os pobres, entre outros. Contudo, nós não devemos fazer a
estigmatização de determinadas populações.
Há
20/25 anos que a pobreza e a exclusão se tornaram num problema da agenda
internacional e nacional e um problema politico. O ano de viragem foi o ano de
1964, quando Lydon Johnson publicou o texto “war on poverty” – no qual afirmava
que a pobreza dos EUA poderia ser eliminada em 10 anos. É uma ideia utópica de
guerra à pobreza.
Nos anos 90, começa-se a discutir a nova pobreza
urbana, que ainda está a ser discutida e tentar ser quantificada.
Há que passar dos debates teóricos à prática com
soluções imediatas e eficazes baseadas em estudos científicos.
4.4.3 A Pobreza
e a Exclusão:
É
muito difícil quantificar a quantidade exacta de pobres, quer a uma escola
internacional, quer a uma escala nacional. Apesar da realização de
estatísticas, estas não nos fornecem um número exacto de pobres existentes. A
nova pobreza urbana, que não é geograficamente demarcada, vêm dificultar esta
quantificação.
Existe
uma noção de pobreza com base geográfica, que são sociedades isoladas pobres
afastadas das dimensões sociais e culturais.
Existe
uma divisão entre quem não merece ser pobre e merece receber apoio de fundos públicos
e entre quem merece ser pobre e não merece receber apoio de fundos públicos. Há
muitos pobres que trabalham muito e pagam todas as suas contas, contudo o que
ganham não é suficiente para saírem do limitar da pobreza, pois quando acabam
de pagar tudo, ficam quase sem nada.
Existem diversos mitos associados à pobreza e à
exclusão como: a pobreza incide sobre um determinado grupo e sujeitos, o que
não é verdade, uma vez que a pobreza é transversal à sociedade; quem nasce
pobre, vive pobre, também não é necessariamente verdade, pois existem
indivíduos que ficam pobres; a associação entre pobreza e exclusão – existem
excluídos que não são pobres e o pobre não é necessariamente excluído. Podemos
estar excluídos de determinada dimensão, se estamos incluídos numa outra
dimensão. A inclusão/exclusão tem mecanismos de controlo contraditórios
internos o que dificulta a resolução desta problemática.
Os programas para combater a pobreza são diferentes
dos programas para combater a exclusão. O voluntariado e as ajudas financeiras
não chegam para resolver o problema da pobreza nem da exclusão, mas dão uma
significativa ajuda.
O problema da Pobreza é de difícil resolução devido à
existência de resistências a esta resolução e hierarquias societais. Até porque
existem organizações internacionais e organizações não estatais que ajudam
financeiramente este tipo de países, cujos fundos são utilizados para erradiar
a pobreza, mas sim para outro tipo de projectos e financiamento de
investimentos, e até são utilizados para fins corruptivos.
A pobreza e a exclusão dão situações limite, o que
têm de ser estudado e pensado. As políticas tradicionais de combate à pobreza
só funcionam em relação ao pobre tradicional, e não em relação ao novo pobre da
nova pobreza urbana e como tal, devem ser elaboradas novas políticas e adequar
as políticas tradicionais à tipologia do pobre.
4.4.3.1
Duas Perspectiva sobre a Pobreza:
A pobreza é um tema polémico ao nível das suas
causas, pois não existe uma(s) causa(s) comum aceitável entre todos. A pobreza
é culpa do pobre, segundo a visão norte-americana; é culpa do sistema e das
suas infra-estruturas, segundo a visão europeia.
Há a ideia de que o pobre é aquele indivíduo que não
se esforça muito e por essa razão ou se torna pobre ou mantém-se pobres. Até
porque, por mais que este se esforce, ás vezes não é o suficiente para sair da
pobreza – jogo das cadeiras modificado.
Os pontos de partida de todos os indivíduos não são
iguais para todos os indivíduos. Há que ter em conta que aqueles que tem menos
dinheiro e não tem casa, terão uma maior probabilidade de se tornarem pobres –
jogo do monopólio modificado.
4.4.3.2. A Pobreza nos Países Desenvolvidos:
O
crescimento económico, principalmente, o crescimento económico acelerado tem
resultados nefastos para a sociedade, principalmente, a nível da caridade das
infra-estruturas e sistemas.
4.4.3.3
A Pobreza nos Países em Desenvolvimento:
O
desenvolvimento não significa apenas número, estatísticas e produtos. Este
implica uma série de outras questões, como a água potável, saneamento, recursos
alimentares.
Existem
várias áreas no mundo onde a pobreza é caracterizada por uma palavra:
esmagadora. A realidade deste tipo de países varia de país para pais – um
grande problema para a África, poderá não ser o grande problema da Índia, e sim
algo mais secundário. Na América do Sul existe a questão habitacional. Em
África, há grandes diferenças dentro do continente africano: questão do HIV,
fome, saneamento básico, água potável, doenças tropicais. E na Ásia, há a
questão da pobreza urbana.
4.4.3.4
A Nova Pobreza Urbana em Portugal:
A
pobreza e a nova pobreza urbana portuguesa têm um traço característico que a
torna mais difícil
de combater: o envelhecimento
da população, e consequentemente, dos pobres.
4.5. Choques Culturais: Tensões e Conflitos
É
uma questão virada para o futuro:
->
uma determinada ideia de Ocidente: o que é o Ocidente? Os EUA e a Europa?
->
uma certa ideia de Islão? O que é o Islão? Existência de fronteiras entre a
civilização ocidental e islamita.
->
ilusão/desilusão com o fim das ideologias: questão do simbolismo e referências
simbólicas – aquilo que valorizamos e aquilo que satanizamos
->
qual o papel das formas de linguagem mundial? Ou seja, as artes e a ciência,
que são áreas dotadas de um certo tipo de universalidade.
->
aquecimento global, o ambiente e as mudanças climáticas. Questão do desgelo que
pode alterar a corrente do golfo. Questão das doenças tropicais que assolam
novas áreas geográficas, a parte das zonas das quais são oriundas.
->
energia e recursos energéticos. Questão da desigualdade da distribuição
energética.
->
que tipo de desenvolvimento?
->
fome
->
poluição
->
fé: uma nova fé? Ou perderemos a nossa fé?
->
as “modas” e as culturas
->
a ciência: existência de novas descobertas cientificas ou rectificação das
teorias existentes cientificas. Quais sãos os limites da ciência. Questão da
neutralidade da ciência.
4.5.1
O Futuro da Europa?
-> Questão da federalização
orçamental
-> Europa como berço da
civilização ocidental vs Europa como palco sanguinário perpétuo: a Europa não é
conhecida pela paz e pela concórdia na sua história, uma vez que esta foi palco
de inúmeros conflitos. Tudo o que pode levar a um fragmentação entre os
Europeus é algo extremamente perigoso e ao que parece a América, e mais
propriamente, a actual presidência norte-americana, não têm apreendido as
lições da história europeia. Uma questão pertinente é qual será a atitude do
próximo Presidente dos EUA em relação aos europeus. Uma vez que ao contrário do
que os EUA possam pensar, a Europa não é só a Inglaterra.
-> Futuro do Comércio
Internacional (estruturação): o que irá acontecer com a entrada de dois
gigantes – a Ásia e a Índia – no comércio internacional? Há uma incerteza em
relação ao futuro desta questão.
-> Futuro Monetário: o euro
tem se tornado na moeda de todo o mundo.
-> Futuro da Água: Portugal
encontra-se no top 15 dos países com as melhores reservas de água. A água é o
recurso número 1. A
água vai ser o petróleo do século XXI. Daqui 40 anos, este irá ser o recurso
mais procurado (problema das questões climáticas) e onde a Europa, possui umas
boas reservas de água. “Não pode haver egoísmo, mas sim realismo.”
-> Questão geográfica: a
Europa têm uma aproximação geográfica que a obriga a pensas nos países como os
seus vizinhos.
-> Questão da linguagem:
afirmação cultural é um negocio de milhões. Qual o papel que está reservado à
linguagem universal? Ciências exactas – matemática – e as artes – música.
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