segunda-feira, 4 de junho de 2012

a.e.













quinta-feira, 31 de maio de 2012

TS



Territórios e Sociedades – Apontamentos

Pequena Introdução à Disciplina:

a)      Análises Estruturais e Análises Conjunturais:
Nesta disciplina há que compreender que existe um ciclo longo e um ciclo curto de análises estruturais e conjunturais. A aceleração da história implica uma análise de ciclo curto, ou seja, uma análise conjuntural que pretende compreender porque é que um determinado fenómeno ocorreu num determinado período de tempo, ao passo que uma análise de um ciclo longo, ou seja, uma análise estrutural, pretende compreender como ocorreu as causas que deram origem a um determinado fenómeno. (Ex: ao analisar a II Guerra Mundial, examinamos o período conjuntural de 1939-45 (determinado período de tempo em que o fenómeno ocorreu) e para examinar estruturalmente teremos que retroceder até ao Tratado de Versalhes que foi uma das causas de eclosão da II Guerra Mundial (encontrar as causas que deram origem ao fenómeno).
                As previsões realizadas ao final do século XX – início do século XXI são extremamente falíveis, sendo uma das suas causas que irá motivar um novo caminho da história a queda do muro de Berlim em 1989.

b)      A Europa e a União Europeia:
A Europa tem uma história contínua de violência, barbárie e sangue como também uma história de criatividade para a paz – a questão europeia determinou que as guerras mundiais só seriam consideradas como tal, quando ocorridas na Europa, caso fossem noutro lugar, eram consideradas como conflitos regionais que eram passíveis de serem resolvidos através dos capacetes azuis da ONU.
A Europa possui a sua influência como também círculos de influência e estende-a pelos países que aderem à União Europeia e aos seus círculos que são +/- os 100 países que são abrangidos pela União Europeia, provocando algumas movimentações dentro desses mesmos países, não que seja por imposição mas por opção estratégica desses mesmos.

Nos últimos 20 anos (1987-2007) ocorreram diversos conflitos internacionais e acontecimentos históricos tais como: Chile, Darfur, muro de Berlim, Somália, as guerras do Golfo, mudança de Papa, apart-heid, 11 de Setembro, China, tsunami, Irão, Afeganistão, Israel, questão da integração migratória, Hugo Chavez no poder e agenda do milénio, entre muitos outros.
A última geração permitiu verificar que as questões de natureza política e económica estão a mudar muito rapidamente e que existem muitos conflitos que ainda estão por resolver.















1.       Natureza e Sociedade
1.1   Condicionantes Naturais à Fixação e Desenvolvimento da Actividade Humana

1.1.1 Cinco Conceitos Base:
1.       Urbanização:
-> Este conceito está associado à construção de casas e não é propriamente este o sentido que nos interessa.
-> É o processo de transição de uma sociedade rural que se vai transformando numa sociedade urbana – alteração a nível social, cultural, político, económico, estrutural e de valores, sendo uma questão simbólica de natureza cultural. Surge, igualmente, o conceito de rua – pequena concentração de pessoas, bens e serviços, que conduz à necessidade de separação de funções.

2.       Excedente:
-> Este conceito ajuda a explicar a evolução da humanidade (porque umas causas e não outras)
-> O excedente permite garantir a satisfação das necessidades presentes e futuras, de forma a não ser uma constante preocupação na mente das pessoas.
-> É a capacidade que as comunidades/sociedades tem para garantir a subsistência alimentar do grupo, o que só é possível quando o excedente é suficientemente grande para que as pessoas das comunidades se possam dedicar às suas funções laborais; o indivíduo deixa de se preocupar com a alimentação, contudo é necessário garantir a ultrapassagem a determinados patamares de subsistência, para se dar a segmentação funcional.

3.       Reprodução da Força de Trabalho:
-> A força de trabalho é o conjunto de indivíduos que tem disponibilidade no tempo e no espaço para trabalhar
-> A reprodução de força de trabalho é ter mais capacidade de trabalho e gerar novos trabalhos ou mais capacidades que a geração anterior
-> Em termos históricos, as comunidades foram forçadas a resolver a garantia da renovação da força de trabalho
-> Custo da reprodução da força de trabalho: quanto é que monetariamente um trabalhador precisa de ganhar não só para garantir a sua subsistência, mas também, para garantir que os trabalhadores que lhe seguem possam igualmente subsistir e ter ainda mais possibilidade de integrar o mercado de trabalho?
-> O factor que traz desigualdade à força de trabalho é a educação – hoje em dia já não basta sustentar a educação de 9 anos m nas sim de 12 ou mais. A educação explica o custo da reprodução da força de trabalho.


4.       Acumulação
-> é um conceito que está ligado à política e economia.
-> processo segundo o qual se acumula riqueza – como é que os países e as comunidades são capazes de acumular riqueza e em que períodos de tempo e em que determinados períodos se deu uma aceleração da acumulação de riqueza. Há etapas na história quando essa capacidade de acumulação aumentou (ex: revolução industrial) ou diminui (ex: crash de wall street – 5ª feira negra).

5.       Trocas 
-> É um conceito que está ligado ao conceito de acumulação
-> É a forma que as comunidades arranjaram para buscar o que não possuem
-> Há dois conceitos interligados: a importação e a exportação

1.1.2          Mapa Físico Mundial:
“A natureza tal como a vida é injusta nos seus atributos” – o mundo, do ponto de vista geográfico, é injusto. A geografia está a passar por tempos difíceis, porque aponta para uma verdade incómoda, uma vez que a natureza é injusta.
A primeira questão é a sazonalidade climática. No mapa-mundo os países mais desenvolvidos estão todos localizados na mesma faixa. A inexistência do Inverno traz logo uma grande desigualdade no apanhar de doenças tropicais. Os europeus estão numa latitude boa, beneficiam da corrente do golfo – água quente na zona do equador – e dá origem ao clima temperado (nem muito quente, nem muito frio), que ajudou no desenvolvimento da Europa e é favorável á fixação humana. A faixa do clima temperado beneficiou extremamente a Europa. O degelo do árctico pode ter consequências nefastas, como o afastamento da corrente do golfo para sul e consequentemente a alteração do tipo de clima europeu. A existência de rios navegáveis na Europa foi uma condição natural favorável à fixação humana bem como a acumulação de excedentes.
Isto são questões cruciais para a fixação humana. Estas são importantes para perceber a realidade de forma a compreender os condicionantes que explicam a fixação humana em determinados locais bem como as dinâmicas políticas, económicas, sociais, culturais e geográficas.

1.2      A Desigual Distribuição da População à Escala Global
Uma outra questão é a desigual distribuição da população. o que importa analisar é como as sociedades conseguiram ultrapassar as barreiras naturais que se lhe apresentavam de modo a se puderem fixar e substituir em certas zonas. 

1.2.1 “Excepcionalismo Europeu”
                A Europa é um continente pequeno e se descontar a parte que vai até aos Montes Urais, a Europa fica ainda mais pequena. Apesar da sua pequena dimensão, a Europa desempenhou um papel muito importante na História Mundial. A existência de planícies férteis (existência de pastos mais ricos permite sustentar animais de porte maior, como também permite uma maior capacidade de combate e de garantia de subsistência alimentar e os animais de grande porte, são utilizados para o transporte como também a sua utilização para fins militares e até correio) e beneficia uma latitude favorável.
                É importante a existência de uma autoridade centralizadora que organiza a vida populacional. A queda e a decadência destas autoridades centralizadoras têm como consequências – guerras, desorganização, caos, inexistência de um soberano/poder centralizado, enfraquecimento económico e insegurança.
                Na 1ª fase de evolução da Europa deu-se a decadência e a queda do Império Romano em 476 a.C. o que lançou o caos na Europa, conduzindo à fragmentação da Europa em pequenas autoridades políticas distanciadas entre si devido à ausência de uma autoridade central; descentralização do poder; guerras; desorganização completa dos sistemas de transporte e de alimentação. Esta 1ª fase é considerada como uma das causas principais do excepcionalismo europeu.
                Na 2ª fase deu-se a invasão bárbara que assolou a França em 732 onde se deu a Batalha de Poitier, onde os franceses travaram a invasão árabe, o que irá mudar irreversivelmente a Europa. Todo este processo de desconstrução e posterior construção é uma das razões que explicam a grande diversidade linguística e cultural da Europa – o latim era a língua comum a todos os europeus, que ocorre no século III e IV (esta diversidade linguística teve origem no processo de desagregação.)
                Foram necessários 600 anos para ocorrer outra batalha para expulsar definitivamente a invasão bárbara e evitar que estes detivessem algum tipo de poder e influência na Europa, que foi a Batalha do Salado que se deu para os lados de Cadiz, em que Portugal e Espanha lutaram lado a lado. A invasão árabe teve uma longa duração – 600 anos – com uma contínua influência política através da tentativa de invadir a Europa para a conquistar.
                E assim começa uma nova fase que durará sensivelmente 200 anos, em que surge quem é considerado como o “Pai da Europa” – Carlos Magno, onde se inicia o processo de construção europeia. De 750 a 1000 é a 3ª fase da evolução, que é uma fase de organização do ponto de vista político onde se inicia a fase de urbanização que é crucial, pois vai permitir que a Europa durante os 500 anos seguintes comece a construir as condições necessárias para consolidar pequenas condições/vantagens que no seu conjunto levarão a que a Europa em 1400/1500 a ter as condições essenciais para dominar o mundo. Não podemos esquecer que existia a oposição asiática (China) que faziam frente à Europa e que não sairiam vitoriosos devido a dois factores: a existência da banca e ao erro do Imperador Chinês, que após inúmeros actos de pirataria, decidiu mandar regressa a sua enorme frota, além de que os chineses estavam na vanguarda de muitas áreas (ex: pólvora).
                Concluímos que este “excepcionalismo europeu” ocorreu na Idade Média, no período de 500 a 1500. A época anterior de 500 foi uma época que se segui ao fim do poder central de Roma e da influência deste Império (476). Entre 500 a 750 deu-se a construção de estrada e de redes de transporte, deu-se à fragmentação do poder político que conduziu à construção de pequenos reinos distantes entre si onde era difícil a instituição do poder; do ponto de vista administrativo, os romanos deixaram nos um grande legado administrativo; era muitas vezes através de acordos que os romanos mantinham o seu poder. É neste período que a Europa começa a reorganizar-se. No período de 1000 a 1500 a Europa existente tem uma influência romana, judaico-cristã e visigótica; dá-se uma limitação do poder dos soberanos; começa a reorganização da Europa, onde se resolvem uma série de questões anteriores e se vão formam-se cidades. Este período foi muito conturbado pelas negociações existentes.
De 1000 a 1500, é que se conseguiram os avanços necessários para o desenvolvimento da Europa – os descobrimentos; o desenvolvimento de novas tecnologias e técnicas; o relógio moderno que irá revolucionar a economia e os tempos de trabalho; a imprensa que será muito importante na difusão de ideias e mentalidades e da palavra escrita; deu-se o início da separação do Estado e da Igreja no Norte da Europa e o início do Capitalismo; a navegação marítima e as suas descobertas deram uma enorme vantagem à Europa; mutualismo que é uma organização proto-moderna de um sistema financeiro e um sistema bancário mais evoluído; progressiva separação do poder temporal e espiritual
No século XII e XIII em Irlanda e Itália ocorreu um grande desenvolvimento económico e financeiro – o Capitalismo - que designa um modelo de organização social e económica, com acordos entre o poder político e o poder económico.


1.2.2 Existem duas ou três dimensões na história ligadas a factos com relevância política:
a)      Sacralização: domínio das regiões. Questão do posicionamento em relação às três grandes
religiões monoteístas.
b)      Simbolismo: é preciso saber que determinados locais ou estruturas têm diferentes dimensões simbólicas.
c)       Mitos Fundadores: as nações gostam de se reportar a um acontecimento factual que será o seu mito fundador numa dimensão histórica. Este mito fundador é apoiado e é quando se dá a alteração da lógica de subordinação (desaparece), onde um grupo faz a alteração desta lógica através da ruptura com as estruturantes dominantes, nunca é uma ruptura pacífica, pois a estrutura dominantes não quer perder a sua autoridade e subordinação. Passa, também, a ter independência no que respeita ao poder de decisão. Pretende-se identificar um tempo e um espaço onde surge o mito fundador.

Esta lógica de subordinação de poder tem uma base geográfica comum a todos os conflitos existentes. A partir do momento em que aparece um grupo com uma dimensão política, significa que estes estão subordinados. Os acordos de divisão de subordinação dão origem a conflitos territoriais e por ter uma dimensão geográfica são dolorosos de resolver (ex: questão de Israel).



1.3      A Génese das Regiões Culturais

a)      A Europeização do Mundo
O ano 1000 é o ano de partida. Nos séculos XV – XVIII, há uma corrente de europeização oriunda da
Europa, para o resto do mundo. Mas porque a Europa? A Europa estava entalada a este pela Rússia, influência do império árabe. A Europa nunca foi um continente muito rico em recursos, o que leva a Europa a procurar recursos noutras zonas e também à procura de mercados. Dispunha de um bom progresso tecnológico (mecânica, hidráulica, óptica, técnicas de navegação). Progresso em termos de uma nova ordem económica – o capitalismo, que nasceu na Europa. Isto implica a defesa e o elogio da iniciativa privada. Não pode haver um chefe ou imperador que se possa operar do que é privado, o que vai implicar o desenvolvimento dos seguros, essencial à expansão marítima com o desenvolvimento das técnicas ligadas à navegação e o desenvolvimento da lógica dedutiva e matemática.

1.       A Revolução Industrial
                Há uma influência do pensamento dedutivo que para a lógica é crucial no século XVII, com o impacto da mecanização - agricultura e manufactura, o que gera produtividade e rendimento.
                A revolução industrial foi o elemento crucial da europeização, com o ganho de lucros e de produção. Acentuação da diferença entre os países industrializados e desenvolvidos (europeus) e os não industrializados e pouco desenvolvidos (resto do mundo).

2.       A primeira europeização do mundo
                A primeira europeização dá-se no começo do século XV. Os países responsáveis são Portugal e Espanha, e mais tarde a Inglaterra e a França.
                (Razões) Portugal tinha hipóteses para expandir para o oriente, mas estava travado pela outra potência. A produção alimentar em Portugal era irregular; Questão da consolidação do projecto político português e consolidação do poder; Espírito das cruzadas; Motivação dos portugueses era clara – ouro da Guiné; Modo como os portugueses aproveitava os conhecimentos marítimos; Portugal importava dos outros países grandes cérebros.
                Consequências destes Movimentos:
                - Os europeus chegaram aos continentes todos, instalaram-se e negociaram. Estes chegam cheios de gripes e doenças e os navegadores precisavam de mão-de-obra produtiva, só que tinha contagiado os latinos, por isso tiveram que ir buscar a sua mão-de-obra a África – o tráfico de África passou a ser uma necessidade.
                - Estabelecimento de um regime de trocas mais ou menos global e estabelecimento de uma rede comercial global
                - Difusão universal da utilidade das plantas que vai mudar as estruturas produtivas e segurança alimentar dos europeus
                - Difusão das línguas europeias – expansão do património linguístico europeu
                - Consolidação do domínio geopolítico europeu e posteriormente, quem fica com o domínio são os descendentes dos europeus
                Esta primeira europeização consolidou as vantagens da Europa, relativamente aos restantes continentes.

3.       A segunda europeização do mundo
                Nesta segunda europeização do mundo há uma deslocação dos avanços para o centro e norte da Europa – da península ibérica (Portugal e Espanha) para França, Alemanha, Inglaterra e Holanda, que começam a ganhar protagonismo. Nascimento de doutrinas protestantes baseadas na disciplina que nasceram nos países da Europa do Norte.
                O elemento crucial associado à segunda europeização é a Revolução Industrial, com o ganho de produtividade e rendimento.
                Vantagens da segunda europeização (que algumas já advém da 1ª europeização):
                - Institucionalização do sistema de trocas. Burocratização. Nascimento dos conceitos de centro e periferia.
                - Regulação do transporte marítimo internacional a seu favor
- Nascimento do sistema segurador marítimo (crucial visto que havia grandes probabilidades de insucesso)
                - Avanço na engenharia mecânica que advém da Revolução Industrial
                - Consolidação de sistemas administrativos eficazes, ligados a economias liberais, na protecção dos seus interesses
                - Difusão da palavra escrita – literacia, que dá vantagens nas áreas de ciências e humanidades
- Difusão progressiva do conhecimento científico pela Europa. Ampliação do conhecimento. Nascimento de organizações de ciências e clubes em determinados áreas de estudo. Valorização da matemática e imposição do método científico-dedutivo.
- Ética protestante: defesa do empresário e conseguir investimentos e manter uma certa sobriedade de vida
                Em termos mundiais, esta 2ª europeização vai marcar a consolidação destas vantagens científicas e geográficas e o sistema de trocas europeu. Esta 2ª europeização significa o estabelecimento de uma lógica europeia de estruturação mundial e o estabelecimento de uma ordem geopolítica por padrões europeus.

2.       Espaço e Civilização
2.1. O Conceito de Civilização
Civilização é o modo como um grupo humano se aproveita do tempo e do espaço. Está, portanto, intimamente ligada ao espaço, e consequentemente aos recursos. No espaço, há duas dimensões distintas: o espaço e os recursos:
        - O espaço implica a relação com o espaço exterior e com as comunidades externas. Prende-se com questões de subordinação e de fronteiras, que são razão de conflito, uma vez que há uma diluição das lógicas de subordinação. As áreas de fronteira são alvo de conflito e de avanços e recuos – ficam muitas vezes áreas cinzentas, onde não é clara a subordinação política. São áreas de diluição de poder. Estratégias para combater essa diluição política passam por instalar órgãos ou comunidades de poder representativo central que “lembrem” às populações a quem se devia a subordinação.
                - Os recursos, que podem ser naturais ou construídos. Os recursos são uma expressão da civilização, e consequentemente, os recursos construídos são os mais importantes. As arquitecturas exprimem dados civilizacionais e são recursos construídos e traduzem quadros de valores de uma civilização e são a manifestação de um determinado valor.
                A tecnologia é um modo facilitador de como os grupos humanos se apropriam do tempo e do espaço, sendo uma espécie de intermédio entre eles.
                A fronteira, como é obvio, é uma área de tensão e onde a subordinação está diluída; está afastada do centro de decisão, sendo muitas vezes incerta e vai mudando com o tempo; deve-se marcar presença para evitar a diluição do poder; há o afastamento da autoridade central que vai fazer com que a consolidação e desenvolvimento de um projecto sejam difíceis.
               
Os elementos da civilização são:
a)      Valores:
- Espirituais: prendem-se com as crenças e com a fé de cada civilização. Há um conjunto de valores espirituais comuns à Europa ligados à Mãe Natureza uma vez que havia uma dependência alimentaria e não grande abundância de recursos. Traduz um quadro de valores espirituais.
                - Materiais: relação de valorização ou desvalorização do dinheiro ou bens materiais.
b)      Sagrado/Simbólico: ligado aos espaços de culto que são típicos e característicos de determinadas civilizações. O sagrado é simbólico.
c)       Leis: quadro de leis regulador, punitivo e valorativo de uma determinada civilização. O quadro de leis ocidental é judaico-cristã bastante baseado nas leis romanas e no direito canónico. É um traço básico para o funcionamento de um país que estabelece limites e as sanções para que os ultrapassar.
d)      Organização Económica: sistema económico adaptado pelas civilizações. Varia entre o capitalismo, socialismo, etc. Há civilizações com sistemas dualistas, ou seja, compostos por uma vertente tradicionalista – com a maior parte da população e mais atrasada, e uma vertente capitalista dominada por uma pequena elite com grandes lucros. Esta situação causa geralmente um grande mal-estar social, mas vigora em alguns países como, por exemplo, a China por ter dois sistemas de organização económica distintos.

               
2.1   Do Nomadismo à Sedentarização: Efeitos na Organização do Espaço
O que implica a sedentarização? Uma característica da não sedentarização é que não está associada
a uma lógica de estrutura do poder, pois este tem a ver com a lógica de subordinação, e consequentemente, com a lógica de sedentarização.
                A sedentarização tem influência sobre a forma de como o poder se estrutura, o que implica uma experiência muito concreta e específica – o lugar – o que está ligado por diversas razões ao poder. Isto tudo leva a uma segmentação de onde é que existe o quê – lugar de culto, cemitério, centro de poder, e também implica, consequentemente, uma divisão, onde os empreendimentos têm um lugar de destaque – centralidade (por segurança), visibilidade (por afirmação do poder) e altitude (por defesa e resistência – acesso dificultado). Alguns países movem as suas capitais para se tornarem mais centrais, longe das fronteiras, tornando o país mais heterogéneo e de forma a ter alguma capacidade de resistência.
                Há uma noção de fronteira como limite de subordinação entre o conflito e a não sedentarização, por isso, é que anteriormente as fronteiras eram feitas por rios ou depressões de terreno que são mais facilmente identificáveis.

2.2   O Papel da Agricultura na Fixação das Populações
Quando a agricultura se começa a estabelecer, irá se evidenciar de uma forma mais visível a dois processos: o solo vai passar a ser terra de cultivo (significado simbólico) e quem possui terra e quem não possui terra o que dá prestígio, poder e influência.
A génese dos conflitos está precisamente associada à apropriação de terra.

2.4 A Institucionalização dos Lugares e dos Territórios
Reconhecer, Orientar, Nomear e Instituir são os quatro passos de dominação política.

a)      Reconhecer:
1.       Localização Relativa: é o estar perto de um lugar.
2.       Memória: existência de elementos geográficos (perto de um rio, árvore, café, etc)
3.       Pontos de Referência: existência de elementos geográficos (perto de um rio, árvore, café, etc)
4.       Mapas Mentais: formação de “mapas mentais” que podem estar baseados em elementos geográficos afectivos e culturais. Reconhecimento.
5.       Construção de Imagens de Culto: valor simbólico atribuído por cada comunidade

b)      Orientar:
1.       Localização Absoluta: coordenadas geográficas – latitude (forma de mediação relativamente rápida e milenar) e longitude (forma de mediação complicada, ligada ao cronometro)
2.       Sistemas de Referência: gps, sistemas de navegação, etc; inexistência de mecanismos antigos de referência (marés, ventos, …)
3.       Sociedades Confinadas e Sociedades Expansivas: (termos históricos-políticos)
a)      Sociedades Confinadas: sociedades arcaicas que são aquelas que ainda se orientam através de instrumentos de referencia básicos. Não os desenvolveram nem adoptaram os modelos por outros desenvolvidos. Estas não passaram da localização relativa. Os conflitos são muitas vezes desencadeados por sociedades confinadas em comparação com as sociedades expansivas.
b)      Sociedades Expansivas: sociedades que tiverem de desenvolver formas funcionais de referência e localização rigorosas (gps, …). Nestas sociedades, o conflito desencadeado tem uma base territorial. Os conflitos que tem uma base mundial em termos geográficos foram conflitos entre sociedades expansivas – os acordos territoriais existentes tem em conta não só o conteúdo do território como também outras áreas a nível mundial (colónias).
É preciso desenvolver sistemas de referência que funcionem a grandes distancias, sobretudo quando estamos rodeados por água. Foram os europeus os primeiros a inventar os primeiros sistemas eficazes de localização longínqua.
c)       Nomear:
1.       Apropriação
2.       Toponímia (História): permite fazer um historial das ordens de poder e lógicas de subordinação. Permite, igualmente, fazer a história dos impérios

d)      Instituir Lugares e Territórios (Processo Sequencial)
1.       Mitos Fundadores:
2.       Celebrações de Mito:
a)      Da cidade do país
b)      A fronteira (risco): a fronteira é uma divisão económica, física, sociológica e psicológica. Há uma lógica de divisão e uma consciência mitológica da fronteira.
Os conflitos são gerados por apropriação de territórios. Desde os tempos primórdios que isto acontece. Os conflitos europeus são mais falados devido a existência de registos escritos. Na época de cruzadas foram destruídos lugares e voltaram a ser instituídos novos lugares. Este ponto do programa refere-se à alteração de nomes devido à Revolução.

2.5. As Organizações Territoriais:
1.       Concentração vs Dispersão:
Existe uma dicotomia entre as sociedades: urbanas – concentração de tudo: organização política, económica, bens, serviços, cultura, intelectual, social – e rurais – caracterizadas pela dispersão de tudo. Há uma concentração na urbe de inúmeros organismos.

2.       Três Tipos de Sociedade:
a.       Sociedades Arcaicas:
-> Sociedades caracterizadas pela importância dos laços familiares como um elemento fundamental de estrutura
-> É uma sociedade com um grau de ligação ao exterior pequeno, com limites devido à existência  de estruturas pequenas, com uma lógica territorial restrita
-> São sociedades pré-industrializadas
b.      Sociedades Intermédias
-> É nestas sociedades que se dá a afirmação definitiva da cidade como um ponto de concentração de elites: políticas, culturais e intelectuais
-> Impacto da difusão crescente da alfabetização e da escrita
-> Melhor desenvolvimento dos transportes e das comunicações
-> Afirmação de organização territorial com alguma expressão política (reino, império)
-> Assistem a uma complexificação do ponto de vista das organizações como expressão territorial
c.       Sociedades Pós-Industriais
-> Os elementos de transição de uma sociedade intermédia para uma sociedade pós-industrial são a revolução industrial e tudo o que ela determina, os transportes e as comunicações
-> Tem organizações territoriais em rede e complexidade destas
-> Predomínio de relações económicas
-> Sociedades muito abertas ao exterior, medida em gestão comercial – trocas comerciais e trocas culturais
-> Perdas aceleradas de emprego e a nova pobreza humana – desempregados com poucas qualificações, com mais de 40 anos, que ganham poucos ou o insuficiente para sair da pobreza – são os aspectos negativos das sociedades pós-industriais europeias 

3.       Elementos em Mutação:
Dificuldade em prever o impacto da sociedade em rede, com a invenção de bases de dados e inovações tecnológicas. Cultura e movimentos urbanos.




2.6.  Organização do Espaço: Transportes e Comunicações
O desenvolvimento dos transportes e das comunicações são inovações militares com repercussões
a nível da sociedade e do civil. Estes dois elementos são importantes quando se fala de conflitos com uma forte expressão territorial.

a)      Difusão <-> Dinâmica
As sociedades são dinâmicas por natureza e exercem processos de difusão de bens, pessoas, capitais, ideais, ideologias, modas, tudo o que se quiser. A questão da difusão tornou-se numa questão política, com a livre ou não livre difusão de bens, serviços e cultura. Quando falamos em difusão, devemos sempre valorizar a sua dimensão política.
b)      Estrutura/Suporte/Mudança
O território é estrutura, porque em si mesmo é uma malha de circulação. O território é suporte das comunidades. As sociedades observam mudanças muito complexas ao nível das comunicações e transportes (desenvolvimento) – os transportes permitem uma separação física externa, o que provocou alterações de distância entre o local de trabalho e casa. As distâncias mais importantes já não são as distâncias espaço-tempo. 

c)       Redes
Com questão da mudança, fala-se em redes – da sociedade em rede, redes de cooperação política…
As redes são plataformas de transportes e comunicação que sustentam um território.

d)      Diferenças entre Países Desenvolvidos e Países não Desenvolvidos
Existe uma grande diferença entre estes dois tipos de países a nível de desenvolvimento de comunicações e transportes, como o atraso estrutural. A recuperação não é um processo assim tão fácil devido a dinâmica existente e os países que eram antigas colónias nas suas infra-estruturas estabelecidas eram em função da potência colonizadora e os seus interesses.

e)      Inovação – Metanacionais
Há inovações que surgiram com a globalização. As metanacionais surgem como algo que tenha vantagens em permanecer nos países desenvolvidos, que estão fortemente ligados à investigação tecnológica e científica e para tal permaneceram nos países desenvolvidos. Uma boa parte destas empresas são de transportes e de comunicação (ex: Nokia, Airbus).

f)       Objectivo – Futuro
Quando falamos do futuro, falamos de objectivos e de política. Ate onde podem ir, quais são os limites? Aonde acaba a liberdade individual e autonomia dos Estados. É uma questão complicada, mas altamente relevante. Existe a necessidade de maior fiabilidade dos sistemas de transportes e comunicações mais rápido e mais eficientes. A fiabilidade á algo cada vez mais procurado hoje em dia.








2.7. Espaço e Acção Humana
a)      Agricultura
A geografia cultural debruça-se sobre aspectos muito interessantes. A perenidade é o consumo de espaço – a agricultura.
b)      Indústria
Na indústria, há um território que dispõe desta, tende a apresentar uma maior dinâmica. A acção humana está ligada à industria, o que mudou muito mais o mundo, do que a agricultura. Daí que nos conflitos, os adversários procurarem sempre destruir ou danificar as suas estruturas industriais. A verdade é que o grande avanço tecnológico só surge com as guerras.

c)       Terciário
Este tornou-se o grande símbolo do capitalismo e supremacia do sistema. Não é por acaso que o 11 de Setembro ocorreu em Nova York nas torres gémeas. Os transportes também surgem associados a estes últimos dois pontos (indústria e sector terciário) pois criam novas referências no ambiente.

2.8   Natureza e Construção: uma Geografia Mundial dos Recursos
A relação das comunidades com o seu território é ma marca da civilização/elemento civilizacional.
Como é que as comunidades permanecem ou não no tempo? – aqui surge a temática da permanência – porque motivo algumas comunidades vão sobrevivendo e outras acabam por sucumbir. É um tema difícil, porque não existe só uma explicação. É o estudo do fenómeno da decadência.
                Os conflitos, muitas vezes, correspondem à primeira manifestação de um fim, da decadência. Este tem consequências a nível das comunidades e das civilizações. Portanto, concluímos que os conflitos precedem sempre a decadência.      
                Os impérios têm também simbolismos, bem como os países que entram em conflito. Se existe algo que separa as comunidades são o simbólico e o diabólico, que é uma diferença do ponto de vista da civilização. Simbólico é aquilo que une uma comunidade, que não é religiosa, e o diabólico é aquilo que separa as mesmas.























3.       Território e Poder
3.1.  O Sentido Territorial de Pertença
A integração de um indivíduo numa comunidade baseia-se em dois aspectos fundamentais: os laços parentescos e as competências, que são cada vez mais importantes.
É uma questão de símbolos que traz à tona a lógica de pertença - uma comunidade sente-se unida e pertencente a algo com base na existência de símbolos comuns. Uma crença comum, o domínio de uma língua, uma proximidade cultural forte são elementos de um sentido territorial de pertença, que também envolve as comunidades afectas. O sentido de pertença tem uma dimensão afectiva e outro territorial, que depois se cruzam numa dimensão política.
                A territorialidade é o território pugnado de cultura. A família é o primeiro sentido de pertença que nos temos e a partir daí existem hierarquias de relações que nós estabelecemos.

                3.1.1 Tipos de Comunidade:
a)      Comunidade de Lugar: comunidade que está territorialmente definida.
b)      Comunidade Religiosa: comunidade baseada numa crença comum.
c)       Comunidade de Projecto: comunidade baseada no que se quer ser. Há quem chame a comunidade de Utopia, que pode ser integrada ou desintegrada. Traduz o tipo de comunidade futura que se ambiciona construir. Muitas vezes pressupõe (Kosovo e Timor Leste – estavam integrados numa comunidade na qual não queriam estar integrados.
                São construídas na passagem do tempo – é um processo histórico demorado. Não é apenas uma divisão política para cada lado. As populações sentem um sentido de pertença igual a todos. Uma população pode sentir-se numa comunidade de projecto e existir um grupo relativamente grande que tem outra noção de comunidade de projecto.

                3.1.2 Noção de Pertença: é uma questão difícil. É uma questão da ciência política em relação ao sentido de pertença – explicar a (in)existência de sentido de pertença e tentar enquadrá-los no sentido político. O que pode influenciar o sentido de pertença – possibilidades:
a)      Comunidade de afectos: reconhecimento através de um laço de afectividade que vai até um certo ponto mas que depois desaparece. Apesar de a fronteira política ser importante e decisiva, contudo, a comunidade de afectos não se esgota nela (não se confina).
b)      Questão Simbólica: reconhecimento colectivo de símbolos, que podem ser de natureza múltipla: religiosa, cultural, …
c)       Códigos Comuns: alfabeto e língua comum são factores poderosos para explicar o sentido de pertença – indivíduos que falam todos a mesma língua têm um sentido de pertença maior. A fronteira política tem o peso que tem, mas não é um factor decisivo, uma vez que as línguas não tem de estar associadas às fronteiras existentes.

3.1.3 Questão da Natureza Política do Sentido de Pertença
É um comum reconhecimento de sentido de pertença e de autonomia, que é necessário, do ponto
de vista internacional, pelo reconhecimento da existência de uma administração e governo central reconhecida pela própria comunidade, como também o reconhecimento da comunidade internacional dessa afirmação.


3.2.  Espaço, Território e Fronteira
3.2.1 Questão da Memória Colectiva
Esta questão está ligada à identidade. Há uma relação entre memória colectiva e território e
Territorialidade - é o território impugnado de memória colectiva, com o reconhecimento do território que não lhe é uma realidade estranha. É um processo histórico que pode ser secular ou não. Esta relação tem uma tradução política concreta.
                Os massacres étnicos têm como principal objectivo destruir/apagar a memória colectiva de um determinado grupo étnico, sendo, posteriormente, mais fácil impor a nossa memória colectiva aos (poucos) que restam. A consciência de um inimigo comum é um elemento fortalecedor da memória colectiva, que é o suficiente para esbater as divergências a nível interno, acabando por se unir face a uma determinada ameaça. O que por seu termo, está relacionado com o genocídio, que consiste na tentativa de apagar memórias colectiva para que a submissão e dominação seja mais fácil.

3.2.2 Considerações sobre a Fronteira
                A fronteira tem diversas dimensões e poder, pois pode ser uma fronteira natural ou construída, política ou identitária, como pode ser um poder imposto, negociado e aceite ou não.
                A fronteira pode ter como não ter limites definidos, e baseia-se não no poder, mas em questões de natureza cultural, linguista, religiosa, entre outras. Este tipo de fronteiras podem ou não ter um reconhecimento político e beneficiar de um enquadramento politico algo diferente.
As causas de movimentação de fronteiras são acordos, compensações de guerras e conflitos.

3.3. Mapas, Estado e Império
3.3.1 Sobreposição Cartográfica
Sobreposição cartográfica: inclui um mapa básico de relevo com um mapa geográfico por cima que
mostre o inicio e o fim do conflito. Esta técnica é muito importante quando se trata de conflitos armados e consequentes movimentações militares.

                3.3.2 Mapas
                Os mapas podem ser analisados politicamente de duas formas diversas:
a)      Estóica: em determinado ano (algo de concreto)
b)      Diacrónica ou Cronológica: durante um determinado período (ex: 25 anos). É possível verificar a movimentação de fronteiras, por duas opções: aumento de um país e diminuição de outro, sem o  nascimento de novos países,  como o nascimento de novos países e desaparecimento ou não  de outros.
Ao nível das fronteiras, podem surgir os chamados Estados artificiais/tampão – surgem como países sem memória colectiva, para travar os conflitos entre outros países. São países que surgem duma terra que já não pertence a um nem a outra parte do conflito.

3.4 Recomposições do Mapa Político no Século XX: Agregação “vs” Desagregação
No século XX, há dois grandes movimentos na geografia política, um movimento de agregação e um outro movimento de desagregação. Um movimento de agregação é a criação da CEE (1957) e da União Europeia, como a criação da NATO e exemplos de movimento de desagregação são a independência de certos países africanos, a independência da Jugoslávia (6 países novos) e fim dos impérios coloniais.
                Estes movimentos de agregação tem uma lógica diferente da tradicional lógica de império – tem a ver com trocas comerciais, económicas, politicas, entre outras.

3.5. As Geografias da Globalização: Novas Recomposições Territoriais
Existem vários tipos de globalização, entre as quais se destacam a globalização financeira, económica e cultural.
a)      Globalização Financeira:
1. É a globalização mais avançada e mais desenvolvida
2. Como vantagens: de facilidade de gestão de contas, créditos, compras, cambio, transferências financeiras e funcionamento da bolsa
3. Como desvantagens:
                               - Risco Sistémico: noção de sistema e perigo: uma má decisão financeira num sistema (externo) pode acarretar diferentes perigos. Há factores que potenciam o risco sistémico – a não ponderação dos créditos que são concedidos, descobertos (levantar dinheiro sem ter dinheiro na conta, onde o banco espera que após uns dia o dinheiro levantado seja restituído); pânico que afecta as movimentos financeiros. O mundo precisa de “dinheiro fresco” para aplicação imediata.
                               - Branqueamento de capitais: gestão de dados (ex: Ilhas Caimão). Deve haver uma cooperação internacional entre polícia.



b)      Globalização Cultural:
1.       Famoso modelo “american way of life” – modelo cultural e de sociedade (ex: enlatados televisivos que vendem para o estrangeiro)
2.       Está ligada a símbolos

c)       Globalização Económica:
1.       Duas características essenciais são: o sector de tecnologia mais avançada e lógica das redes, que são, simultaneamente, características centrais das fábricas da globalização económica
2.       Um indicador é as trocas comerciais norte-norte e norte-sul mas fala-se muito pouco das trocas sul-sul, que são cada vez mais importantes. Há uma oposição entre as trocas comerciais entre o norte-norte, o que também começa a acontecer nas trocas sul-sul.
3.       As trocas comerciais têm na sua essência a ver com os regimes de trocas internacionais e com a divisão internacional do trabalho onde se estabelecem os conceitos de centro e periferia. Estes dois domínios estão interligados com a globalização económica.
4.       NOEI – Nova Ordem Económica Internacional:
- trocas comerciais desiguais: troca de bens naturais por bens industriais, o que significa que os países produtores de bens naturais têm de produzir os produzir em massa para poder negociar e financiar a compra de bens industriais – estes primeiros ficam sempre a perder.
- As trocas comerciais e a divisão de trabalho é um começo de mal-estar da globalização económica: o norte possui bens industriais e o sul possui bens naturais.
- o desemprego nacional tradicional é uma consequência da globalização económica.
- está em mutação a passagem do recurso natural para um recurso político – temos que ir buscar um recurso que não possuíamos a outro lado.
                4. Existe uma deslocalização de fábricas para sítios onde o espaço é maior e mais barato e onde também a mão de obra é mais barata.
                5. Consequências pouco visíveis:
                                               - garantia da manutenção do consumo a um determinado preço
                                               - desemprego dos blue-colour (empregado fabril) e dos white-colour (empregado empresário)

3.6. A Emergência de Novas Geografias Culturais
                Até aos anos 60, a geografia cultural baseava-se na análise do modos vivendi das sociedades e também na análise das novas identidades culturais mundiais. A partir desta data, a igualização da tecnologia agrícola que está associada à diferença tecnológica acelerada da reprodução agrícola nos países em desenvolvimento, e consequentemente, também se dá uma alteração da ligação entre o homem e o meio, e do homem e o trabalho.
                A lógica da geografia cultural sofre uma crise devido a esta alteração da interacção do homem com o meio. Os problemas e as realidades problemáticas tornam-se urbanos.
                Existência de trabalho urbanos e industriais mais mutáveis, que não eram tidos em consideração na geografia cultural.

4.       Problemas e Desafios do Mundo Actual
Existência de problemas urbanos e ambientais na sociedade civil.
Pela primeira vez, a população urbana é o dobro da população rural, o que é natural, uma vez que a população urbana cresce mais depressa do que o ritmo médio da população mundial. Isto coloca diversas questões, como:                - Como se geram cidades com milhões de pessoas?
- Até que ponto irão crescer as cidades?
- Questão do abastecimento de água, alimentos, saneamento
- Questão da gestão das infra-estruturas
- Questão da manutenção de um sistema de transportes adequados e acessíveis
A maior parte das grandes cidades encontram-se nos países em desenvolvimento e tornam-se numa espécie de alternativa, quando não existe alternativa nenhuma.
A questão urbana tornou-se numa questão problemática devido aos problemas ambientais, poluição, abastecimento, trabalho, entre outros problemas que lhe estão associados (ex: guetos).

4.1. A Competição Pelo Acesso aos Recursos Energéticos

4.2. A Desertificação e as Catástrofes Ambientais

4.3. O Crescimento Urbano e os Problemas Sociais Urbanos
Há que melhorar a vida quotidiana dos habitantes e há que consciencializar que os problemas urbanos por ricochete provocam problemas rurais.

4.4. A Crescente Desigualdade Social a Diferentes Escalas Geográficas
4.4.1 A Pobreza e a Exclusão: Dois Fenómenos Associados à Desigualdade:
A pobreza e a exclusão são dois conceitos diferentes associados à desigualdade. Da mesma forma, tanto a pobreza como a exclusão são conceitos que me determinadas dimensões estão relacionados. A questão da desigualdade é um fenómeno que já existe há muito tempo, mas só a partir do século XX é que se tornou numa problemática muito séria devido à consciencialização da grande desigualdade entre os países, e só no século XX é que a pobreza e a exclusão se tornam numa discussão séria e preocupante.
Estes são dois fenómenos muito antigos que datam a altura na Idade Média, quando quem não
possuísse terá, era excluído. Foi aqui que nasceu a primeira divisão desigualdade. Trata-se de dois fenómenos de longuíssimo prazo.
                A pobreza e a exclusão são conceitos diferentes, mas que tem uma determinada ligação.

                4.4.2 Estudos sobre a Pobreza e a Exclusão:
A partir dos anos 50 e 60 do século XX, aprofundam-se os estudos e análise sobre a pobreza e a exclusão. E a partir dos anos 90, existe uma consciencialização da existência de certas populações sobre as cais recaem certos estigmas – como os seropositivos, os pobres, entre outros. Contudo, nós não devemos fazer a estigmatização de determinadas populações.
Há 20/25 anos que a pobreza e a exclusão se tornaram num problema da agenda internacional e nacional e um problema politico. O ano de viragem foi o ano de 1964, quando Lydon Johnson publicou o texto “war on poverty” – no qual afirmava que a pobreza dos EUA poderia ser eliminada em 10 anos. É uma ideia utópica de guerra à pobreza.
                Nos anos 90, começa-se a discutir a nova pobreza urbana, que ainda está a ser discutida e tentar ser quantificada.
                Há que passar dos debates teóricos à prática com soluções imediatas e eficazes baseadas em estudos científicos.

                4.4.3 A Pobreza e a Exclusão:
É muito difícil quantificar a quantidade exacta de pobres, quer a uma escola internacional, quer a uma escala nacional. Apesar da realização de estatísticas, estas não nos fornecem um número exacto de pobres existentes. A nova pobreza urbana, que não é geograficamente demarcada, vêm dificultar esta quantificação.
Existe uma noção de pobreza com base geográfica, que são sociedades isoladas pobres afastadas das dimensões sociais e culturais.
Existe uma divisão entre quem não merece ser pobre e merece receber apoio de fundos públicos e entre quem merece ser pobre e não merece receber apoio de fundos públicos. Há muitos pobres que trabalham muito e pagam todas as suas contas, contudo o que ganham não é suficiente para saírem do limitar da pobreza, pois quando acabam de pagar tudo, ficam quase sem nada.
                Existem diversos mitos associados à pobreza e à exclusão como: a pobreza incide sobre um determinado grupo e sujeitos, o que não é verdade, uma vez que a pobreza é transversal à sociedade; quem nasce pobre, vive pobre, também não é necessariamente verdade, pois existem indivíduos que ficam pobres; a associação entre pobreza e exclusão – existem excluídos que não são pobres e o pobre não é necessariamente excluído. Podemos estar excluídos de determinada dimensão, se estamos incluídos numa outra dimensão. A inclusão/exclusão tem mecanismos de controlo contraditórios internos o que dificulta a resolução desta problemática.
                Os programas para combater a pobreza são diferentes dos programas para combater a exclusão. O voluntariado e as ajudas financeiras não chegam para resolver o problema da pobreza nem da exclusão, mas dão uma significativa ajuda.
                O problema da Pobreza é de difícil resolução devido à existência de resistências a esta resolução e hierarquias societais. Até porque existem organizações internacionais e organizações não estatais que ajudam financeiramente este tipo de países, cujos fundos são utilizados para erradiar a pobreza, mas sim para outro tipo de projectos e financiamento de investimentos, e até são utilizados para fins corruptivos.
                A pobreza e a exclusão dão situações limite, o que têm de ser estudado e pensado. As políticas tradicionais de combate à pobreza só funcionam em relação ao pobre tradicional, e não em relação ao novo pobre da nova pobreza urbana e como tal, devem ser elaboradas novas políticas e adequar as políticas tradicionais à tipologia do pobre.
               
4.4.3.1 Duas Perspectiva sobre a Pobreza:
                A pobreza é um tema polémico ao nível das suas causas, pois não existe uma(s) causa(s) comum aceitável entre todos. A pobreza é culpa do pobre, segundo a visão norte-americana; é culpa do sistema e das suas infra-estruturas, segundo a visão europeia.
                Há a ideia de que o pobre é aquele indivíduo que não se esforça muito e por essa razão ou se torna pobre ou mantém-se pobres. Até porque, por mais que este se esforce, ás vezes não é o suficiente para sair da pobreza – jogo das cadeiras modificado.
                Os pontos de partida de todos os indivíduos não são iguais para todos os indivíduos. Há que ter em conta que aqueles que tem menos dinheiro e não tem casa, terão uma maior probabilidade de se tornarem pobres – jogo do monopólio modificado.

                4.4.3.2. A Pobreza nos Países Desenvolvidos:
O crescimento económico, principalmente, o crescimento económico acelerado tem resultados nefastos para a sociedade, principalmente, a nível da caridade das infra-estruturas e sistemas.

4.4.3.3 A Pobreza nos Países em Desenvolvimento:
O desenvolvimento não significa apenas número, estatísticas e produtos. Este implica uma série de outras questões, como a água potável, saneamento, recursos alimentares.
Existem várias áreas no mundo onde a pobreza é caracterizada por uma palavra: esmagadora. A realidade deste tipo de países varia de país para pais – um grande problema para a África, poderá não ser o grande problema da Índia, e sim algo mais secundário. Na América do Sul existe a questão habitacional. Em África, há grandes diferenças dentro do continente africano: questão do HIV, fome, saneamento básico, água potável, doenças tropicais. E na Ásia, há a questão da pobreza urbana.

4.4.3.4 A Nova Pobreza Urbana em Portugal:
A pobreza e a nova pobreza urbana portuguesa têm um traço característico que a torna mais difícil
de combater: o envelhecimento da população, e consequentemente, dos pobres.

4.5. Choques Culturais: Tensões e Conflitos
É uma questão virada para o futuro:
-> uma determinada ideia de Ocidente: o que é o Ocidente? Os EUA e a Europa?
-> uma certa ideia de Islão? O que é o Islão? Existência de fronteiras entre a civilização ocidental e islamita.
-> ilusão/desilusão com o fim das ideologias: questão do simbolismo e referências simbólicas – aquilo que valorizamos e aquilo que satanizamos
-> qual o papel das formas de linguagem mundial? Ou seja, as artes e a ciência, que são áreas dotadas de um certo tipo de universalidade.
-> aquecimento global, o ambiente e as mudanças climáticas. Questão do desgelo que pode alterar a corrente do golfo. Questão das doenças tropicais que assolam novas áreas geográficas, a parte das zonas das quais são oriundas.
-> energia e recursos energéticos. Questão da desigualdade da distribuição energética.
-> que tipo de desenvolvimento?
-> fome
-> poluição
-> fé: uma nova fé? Ou perderemos a nossa fé?
-> as “modas” e as culturas
-> a ciência: existência de novas descobertas cientificas ou rectificação das teorias existentes cientificas. Quais sãos os limites da ciência. Questão da neutralidade da ciência.

4.5.1 O Futuro da Europa?
                -> Questão da federalização orçamental
                -> Europa como berço da civilização ocidental vs Europa como palco sanguinário perpétuo: a Europa não é conhecida pela paz e pela concórdia na sua história, uma vez que esta foi palco de inúmeros conflitos. Tudo o que pode levar a um fragmentação entre os Europeus é algo extremamente perigoso e ao que parece a América, e mais propriamente, a actual presidência norte-americana, não têm apreendido as lições da história europeia. Uma questão pertinente é qual será a atitude do próximo Presidente dos EUA em relação aos europeus. Uma vez que ao contrário do que os EUA possam pensar, a Europa não é só a Inglaterra.
                -> Futuro do Comércio Internacional (estruturação): o que irá acontecer com a entrada de dois gigantes – a Ásia e a Índia – no comércio internacional? Há uma incerteza em relação ao futuro desta questão.
                -> Futuro Monetário: o euro tem se tornado na moeda de todo o mundo.
                -> Futuro da Água: Portugal encontra-se no top 15 dos países com as melhores reservas de água. A água é o recurso número 1. A água vai ser o petróleo do século XXI. Daqui 40 anos, este irá ser o recurso mais procurado (problema das questões climáticas) e onde a Europa, possui umas boas reservas de água. “Não pode haver egoísmo, mas sim realismo.”
                -> Questão geográfica: a Europa têm uma aproximação geográfica que a obriga a pensas nos países como os seus vizinhos.
                -> Questão da linguagem: afirmação cultural é um negocio de milhões. Qual o papel que está reservado à linguagem universal? Ciências exactas – matemática – e as artes – música.