Os meus apontamentos: Matéria de 12º ano + 1º semestre de Antropologia e Antropologia Económica + Matéria de CPRI (História das Relações Internacionais; Território e Sociedades; Estudos de Segurança Internacional)
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Felizmente 2
Conteúdos essenciais:
Modo dramático
Aspectos simbólicos
Paralelismo entre o passado e as condições históricas dos anos 60: denúncia da violência e da opressão
Valores da liberdade e do patriotismo
CLASSIFICAÇÃO LITERÁRIA DA OBRA
Trata-se de um drama narrativo de carácter épico. Segue a linha de Brecht e mostra o mundo e o homem em constante transformação; mostra a preocupação com o homem e o seu destino, a luta contra a miséria e a alienação e a denúncia da ausência de moral; alerta para a necessidade de uma sociedade solidária que permita a verdadeira realização do homem.
De acordo com Brecht, Sttau Monteiro proporciona uma análise crítica da sociedade, mostrando a realidade, de modo a levar os espectadores a reagir criticamente e a tomar uma posição.
Técnicas do teatro épico (brechtiano) para criar a distanciação:
Cenário: o luar, a fogueira
A interacção de múltiplas linguagens: luz, som, música, projecção de diapositivos…
A representação das personagens…
A narração de acontecimentos ocorridos no passado…
O papel activo do espectador: reflectir para agir.
A peça propõe uma reflexão sobre a dialéctica da revolução e da contra-revolução.
AS INDICAÇÕES CÉNICAS (FUNÇÕES)
AS DIDASCÁLIAS (no interior do texto)
entrada ou saída de personagens em cena
posição das personagens em cena (de pé, sentado, de costas)
movimentação cénica
Iluminação (jogo luz / sombra)
guarda-roupa
decoração / mobiliário (adereços)
pausas e tipo de discurso
AS INDICAÇÕES CÉNICAS (FUNÇÕES)
AS NOTAS À MARGEM:
explicações do autor / indicações aos actores
caracterização do tom de voz das personagens
apresentação da dimensão interior das personagens (estado de espírito)
indicações sonoras ou ausência de som
sugestão do aspecto exterior das personagens
.......
O espaço cénico
Os jogos de sombra / luz e a posição das personagens em palco contribuem para a representação do espaço físico e social.
O espaço físico
Lisboa – o macroespaço:
A Baixa (onde se situa a Regência);
O Rato (onde fica a casa do General Gomes Freire de Andrade e Matilde de Melo);
O Campo de Sant’Ana (local das execuções);
A Serra de Santo António (da qual se avista S. Julião da Barra);
Outras referências: a zona do Tejo e a Sé.
Lisboa é o espaço onde se inicia a rebelião do povo contra a opressão.
espaço social
O povo oprimido
A nobreza e o rei (o regime absolutista)
Os governadores e sua ideologia
A aliança entre Portugal e Inglaterra
Os delatores
A Maçonaria
A injustiça e desigualdade sociais
A opressão e falta de liberdade
O PARALELISMO HISTÓRICO-SOCIAL (SÉCULO XX)
A moeda
A renúncia à esperança através da venda da própria alma
A “traição” do povo
A traição da Igreja (a corrupção do Principal Sousa as trinta moedas de Judas Escariote)
As cores:
VERMELHO: vida e morte; o sagrado
PRETO: luto opressivo
VERDE: esperança
A saia verde
EM VIDA: a esperança, a felicidade, o amor, a liberdade
NA MORTE: a alegria do reencontro, a tranquilidade
A fogueira:
PRESENTE: a tristeza, a escuridão, a repressão e o terror
FUTURO: a esperança, a liberdade ( Fénix Renascida)
O luar:
A NOITE: a morte, a opressão, a infelicidade
A LUZ: a vida, a liberdade, a felicidade
A LUA: a renovação (e crescimento)
“Felizmente há luar!”:
OPRESSORES: efeito dissuasor
Fogueira: purificadora da sociedade
OPRIMIDOS: efeito libertador (coragem e estímulo para a revolta contra a tirania)
Fogueira: alerta e luz que ilumina o caminho para a liberdade
...
O paralelismo histórico-metafórico:
O Século XIX = metáfora do Século XX
General Gomes Freire de Andrade e General Humberto Delgado
13
25
Sec. XIX / Séc. XX
Épocas de crise - violência do poder e ausência de liberdade.
Épocas em que aparecem manifestações reclamando o direito à justiça e à liberdade.
Épocas que anunciam o nascimento de novos tempos (liberalismo oitocentista e o 25 de Abril de 74)
A apologia dos valores: liberdade e patriotismo
•A «Apoteose trágica»:
O apelo à luta contra o regime opressivo (contra o fascismo)
Outros “hinos” à Resistência (canções revolucionárias…)
A Revolução de Abril
Os ideais: liberdade e patriotismo.
Modo dramático
Aspectos simbólicos
Paralelismo entre o passado e as condições históricas dos anos 60: denúncia da violência e da opressão
Valores da liberdade e do patriotismo
CLASSIFICAÇÃO LITERÁRIA DA OBRA
Trata-se de um drama narrativo de carácter épico. Segue a linha de Brecht e mostra o mundo e o homem em constante transformação; mostra a preocupação com o homem e o seu destino, a luta contra a miséria e a alienação e a denúncia da ausência de moral; alerta para a necessidade de uma sociedade solidária que permita a verdadeira realização do homem.
De acordo com Brecht, Sttau Monteiro proporciona uma análise crítica da sociedade, mostrando a realidade, de modo a levar os espectadores a reagir criticamente e a tomar uma posição.
Técnicas do teatro épico (brechtiano) para criar a distanciação:
Cenário: o luar, a fogueira
A interacção de múltiplas linguagens: luz, som, música, projecção de diapositivos…
A representação das personagens…
A narração de acontecimentos ocorridos no passado…
O papel activo do espectador: reflectir para agir.
A peça propõe uma reflexão sobre a dialéctica da revolução e da contra-revolução.
AS INDICAÇÕES CÉNICAS (FUNÇÕES)
AS DIDASCÁLIAS (no interior do texto)
entrada ou saída de personagens em cena
posição das personagens em cena (de pé, sentado, de costas)
movimentação cénica
Iluminação (jogo luz / sombra)
guarda-roupa
decoração / mobiliário (adereços)
pausas e tipo de discurso
AS INDICAÇÕES CÉNICAS (FUNÇÕES)
AS NOTAS À MARGEM:
explicações do autor / indicações aos actores
caracterização do tom de voz das personagens
apresentação da dimensão interior das personagens (estado de espírito)
indicações sonoras ou ausência de som
sugestão do aspecto exterior das personagens
.......
O espaço cénico
Os jogos de sombra / luz e a posição das personagens em palco contribuem para a representação do espaço físico e social.
O espaço físico
Lisboa – o macroespaço:
A Baixa (onde se situa a Regência);
O Rato (onde fica a casa do General Gomes Freire de Andrade e Matilde de Melo);
O Campo de Sant’Ana (local das execuções);
A Serra de Santo António (da qual se avista S. Julião da Barra);
Outras referências: a zona do Tejo e a Sé.
Lisboa é o espaço onde se inicia a rebelião do povo contra a opressão.
espaço social
O povo oprimido
A nobreza e o rei (o regime absolutista)
Os governadores e sua ideologia
A aliança entre Portugal e Inglaterra
Os delatores
A Maçonaria
A injustiça e desigualdade sociais
A opressão e falta de liberdade
O PARALELISMO HISTÓRICO-SOCIAL (SÉCULO XX)
A moeda
A renúncia à esperança através da venda da própria alma
A “traição” do povo
A traição da Igreja (a corrupção do Principal Sousa as trinta moedas de Judas Escariote)
As cores:
VERMELHO: vida e morte; o sagrado
PRETO: luto opressivo
VERDE: esperança
A saia verde
EM VIDA: a esperança, a felicidade, o amor, a liberdade
NA MORTE: a alegria do reencontro, a tranquilidade
A fogueira:
PRESENTE: a tristeza, a escuridão, a repressão e o terror
FUTURO: a esperança, a liberdade ( Fénix Renascida)
O luar:
A NOITE: a morte, a opressão, a infelicidade
A LUZ: a vida, a liberdade, a felicidade
A LUA: a renovação (e crescimento)
“Felizmente há luar!”:
OPRESSORES: efeito dissuasor
Fogueira: purificadora da sociedade
OPRIMIDOS: efeito libertador (coragem e estímulo para a revolta contra a tirania)
Fogueira: alerta e luz que ilumina o caminho para a liberdade
...
O paralelismo histórico-metafórico:
O Século XIX = metáfora do Século XX
General Gomes Freire de Andrade e General Humberto Delgado
13
25
Sec. XIX / Séc. XX
Épocas de crise - violência do poder e ausência de liberdade.
Épocas em que aparecem manifestações reclamando o direito à justiça e à liberdade.
Épocas que anunciam o nascimento de novos tempos (liberalismo oitocentista e o 25 de Abril de 74)
A apologia dos valores: liberdade e patriotismo
•A «Apoteose trágica»:
O apelo à luta contra o regime opressivo (contra o fascismo)
Outros “hinos” à Resistência (canções revolucionárias…)
A Revolução de Abril
Os ideais: liberdade e patriotismo.
Felizmente há luar.
Século XIX – metáfora do século XX
Felizmente Há Luar! é a metáfora que resulta do efeito de distanciação utilizado por Brecht.
Bertolt Brecht pretendia que o espectador mantivesse uma posição de distanciamento em relação ao que via e ouvia para que, assim, pudesse raciocinar sobre o que lhe era “pedido”. Não havia o propósito de o público se emocionar com os actores que representavam a história; pelo contrário, teria de haver um distanciamento para que reflectissem e analisassem.
Tal como Brecht, Luís de Sttau Monteiro também utiliza o efeito de distanciação para levar o público a agir criticamente, submetendo o passado a um novo olhar, o do presente. O exemplo do passado (século XIX – o regime absolutista, antiliberal, a opressão política, a condenação injusta de Gomes Freire de Andrade...) serve unicamente para conduzir o espectador à compreensão do presente (século XX – o regime autoritário, nacionalista, a censura levada a cabo pelo Comité de Censura, a condenação de muitos militantes antifascistas...).
Sttau Monteiro serve-se da figura do general Gomes Freire de Andrade (1817) e da sua morte em praça pública para chamar a atenção para as injustiças sociais do seu tempo (década de 60), convidando o público a assumir uma posição crítica face ao que vê, na tentativa de fazê-lo agir, como testemunha que é.
Paralelismo entre o século XIX e a realidade do século XX:
▪ ideais de autoritarismo, opressão, ditadura;
▪ tentativas falhadas de revolução no sentido do triunfo das ideias liberais;
▪ aliança entre a Igreja e o Estado;
▪ movimentos de conspiração que reflectem uma tomada de consciência liberal por alguns sectores da sociedade portuguesa;
▪ “agentes secretos” que informam da existência de revoltosos, silenciando-os;
▪ “mártires da liberdade” perseguidos e condenados;
▪ grandes contrastes entre os poderosos e o povo que vive na miséria;
▪ luta do povo, oprimido, explorado, desarmado, exausto e ansioso por mudança.
A intencionalidade da obra
Servindo-se de uma metáfora (século XIX) para atingir o presente (século XX), Felizmente Há Luar! revela uma dupla intenção crítica: à sociedade oitocentista (1817) feita de uma forma clara e bem explícita, e à sociedade da época de 60, feita de uma forma camuflada, através da técnica de distanciação, que ilustra a doutrina do teatro épico, de participação política, preconizado por Brecht. É com ela que Sttau Monteiro obriga o leitor - espectador a analisar e a reflectir sobre a situação política, social, económica e cultural do país, nomeadamente sobre o regime opressivo vigente que se fazia notar através das injustiças, das condenações e das torturas de todos aqueles que não comungavam das ideias salazaristas.
É notória a preocupação do autor em despertar as consciências, levando o espectador a ser um agente de mudança, que reage criticamente e que toma decisões.
Felizmente Há Luar! é a metáfora que resulta do efeito de distanciação utilizado por Brecht.
Bertolt Brecht pretendia que o espectador mantivesse uma posição de distanciamento em relação ao que via e ouvia para que, assim, pudesse raciocinar sobre o que lhe era “pedido”. Não havia o propósito de o público se emocionar com os actores que representavam a história; pelo contrário, teria de haver um distanciamento para que reflectissem e analisassem.
Tal como Brecht, Luís de Sttau Monteiro também utiliza o efeito de distanciação para levar o público a agir criticamente, submetendo o passado a um novo olhar, o do presente. O exemplo do passado (século XIX – o regime absolutista, antiliberal, a opressão política, a condenação injusta de Gomes Freire de Andrade...) serve unicamente para conduzir o espectador à compreensão do presente (século XX – o regime autoritário, nacionalista, a censura levada a cabo pelo Comité de Censura, a condenação de muitos militantes antifascistas...).
Sttau Monteiro serve-se da figura do general Gomes Freire de Andrade (1817) e da sua morte em praça pública para chamar a atenção para as injustiças sociais do seu tempo (década de 60), convidando o público a assumir uma posição crítica face ao que vê, na tentativa de fazê-lo agir, como testemunha que é.
Paralelismo entre o século XIX e a realidade do século XX:
▪ ideais de autoritarismo, opressão, ditadura;
▪ tentativas falhadas de revolução no sentido do triunfo das ideias liberais;
▪ aliança entre a Igreja e o Estado;
▪ movimentos de conspiração que reflectem uma tomada de consciência liberal por alguns sectores da sociedade portuguesa;
▪ “agentes secretos” que informam da existência de revoltosos, silenciando-os;
▪ “mártires da liberdade” perseguidos e condenados;
▪ grandes contrastes entre os poderosos e o povo que vive na miséria;
▪ luta do povo, oprimido, explorado, desarmado, exausto e ansioso por mudança.
A intencionalidade da obra
Servindo-se de uma metáfora (século XIX) para atingir o presente (século XX), Felizmente Há Luar! revela uma dupla intenção crítica: à sociedade oitocentista (1817) feita de uma forma clara e bem explícita, e à sociedade da época de 60, feita de uma forma camuflada, através da técnica de distanciação, que ilustra a doutrina do teatro épico, de participação política, preconizado por Brecht. É com ela que Sttau Monteiro obriga o leitor - espectador a analisar e a reflectir sobre a situação política, social, económica e cultural do país, nomeadamente sobre o regime opressivo vigente que se fazia notar através das injustiças, das condenações e das torturas de todos aqueles que não comungavam das ideias salazaristas.
É notória a preocupação do autor em despertar as consciências, levando o espectador a ser um agente de mudança, que reage criticamente e que toma decisões.
domingo, 5 de junho de 2011
lado histórico
A História e a ficção
No romance, entrelaçam-se os dados históricos com os ficcionais e são estes que vão dar maior encanto
à narrativa.
O lado histórico
A história passa-se no século XVIII. Começa por volta de 1711, três anos após o casamento do rei D. João V com D. Maria Ana Josefa de Áustria. Termina em 1739, vinte e dois anos depois, quando se realiza um auto-de-fé em que morre António José da Silva. Os acontecimentos e as personagens são reais, as datas respeitam o que se passou na época.
As referências ligadas ao Convento de Mafra, na realidade correspondem à verdade histórica, por exemplo, a bênção da primeira pedra do Convento, cujas cerimónias tiveram início no dia 17 de Novembro de 1717.
Factos que são considerados históricos por poderem ser comprovados em livros e crónicas da época:
A indecisão do rei quanto ao número de frades;
O voto de D. João V que originou a construção do convento;
A matéria-prima e os artistas que vieram de vários países da Europa e do Brasil;
O desejo do rei de que a cerimónia da sagração coincidisse com o seu aniversário;
O trabalho que foi exigido aos operários para que os prazos fossem cumpridos;
O recrutamento obrigatório feito a nível nacional;
A origem das pedras de Pêro Pinheiro;
O casamento dos infantes portugueses e espanhóis;
O músico italiano Domenico Scarlatti que veio para Portugal para dar lições à infanta D. Maria
Bárbara;
Os autos-de-fé e as perseguições levadas a cabo pela Inquisição;
A construção da passarola pelo padre Bartolomeu de Gusmão.
O lado ficcional
O narrador, consciente de que só as pessoas das classes altas se imortalizam na História, tenta
individualizar o maior número de elementos pertencentes ao povo para que também sejam lembrados e
assim se faça justiça. Assim se explica a referência aos trabalhadores Francisco Marques, Manuel milho,
Álvaro Diogo, João Francisco, José Pequeno, Joaquim Rocha, Julião Mau -Tempo.
Outras personagens ficcionais sao:
Sebastiana Maria de Jesus - mae de Blimunda, degredada para Angola;
Alvaro Diogo e Ines Antonia - irma e cunhado de Baltasar;
Joao Francisco e Marta Maria - pais de Baltasar;
Joao Elvas - antigo soldado amigo de Baltasar;
Baltasar e Blimunda - casal amoroso cuja relacao plena de magia nos faz aderir a sua forma de estar na vida. Sao eles tambem os construtores da passarola criando um espaco de evasao do real e ajudando a materializar um sonho.
Ha factos historicos que sao relatados e simultaneamente envolvidos com aspectos ficcionais. Bartolomeu de Gusmao e uma dessas personagens que, apesar de ser historica e ter realmente existido, aparece na obra com aspectos ficcionais que envolvem a construcao da passarola e a sua amizade com Baltasar e Blimunda. A passarola de Bartolomeu de Gusmao entra no plano da ficcao ao ser movida pelas 'vontades' recolhidas por Blimunda.
O NARRADOR. LINGUAGEM E ESTILO
No romance Memorial do Convento o narrador e, geralmente, heterodiegetico, ou seja, trata-se de uma entidade exterior a historia que assume a funcao de relatar os acontecimentos.
O narrador tem um conhecimento absoluto dos eventos e fornece, sobre eles, as informacoes necessarias para que a historia se revista de uma coerencia intrinseca, facultando as relacoes logicas, ao nivel da diegese.
O tipo de focalizacao predominante na obra e omnisciente. Ao longo da obra esta presente um narrador que nao e participante, e omnisciente e a sua presenca torna-se bem visivel estabelecendo uma comunicacao activa com o leitor.
O narrador encontra-se dentro do romance criticando, explicando, sentenciando.
Sao marcas do estilo de Saramago:
- A satira, com recurso a ironia, a linguagem depreciativa e humoristica, a subversao de citacoes biblicas e de proverbios;
- A ruptura com as regras de pontuacao introduzindo um peculiar discurso directo sem utilizar os sinais graficos ao abolir os dois pontos, os travessoes e o ponto de interrogacao e ao utilizar a maiuscula apos uma virgula;
- A presenca do narrador - autor com comentarios, apartes e frases sentenciosas,
- A intertextualidade frequente com Os Lusiadas de Luis de Camoes;
- O uso de formas verbais no presente, no futuro e no gerundio;- Utilizacao do paralelismo de construcao e do polissindeto;
- A enumeracao;
„- A metafora;
„- A ironia;
„- A adjectivacao, por vezes, dupla;
„- Registo de lingua familiar e popular (com sentido ironico e critico ou como forma de traducao do estrato social das personagens);
„- A inclusao de um discurso argumentativo e reflexivo.
A CRITICA
Memorial do Convento e um romance que se apresenta como uma critica cheia de ironia ao que se passava na epoca, inicio do seculo XVIII. E criticada a opulencia do rei e da nobreza, por oposicao a extrema miseria do povo.
A satira esta presente nos casos de adulterio e corrupcao de costumes. Surge a critica a mulher que entre duas igrejas foi encontrar-se com um homem, a uns tantos maridos cucos que sao ingenuos ou que fingem se-lo. (Cap.III, p. 31) Nas classes altas nao escapam a critica os frades que levam as mulheres para dentro das celas e com elas se gozam (Cap. VIII, pp.83/84) nem o proprio rei que considera que as freiras o recebem nas suas camas (Cap. XIII, p.156).
Ha uma constante denuncia dos metodos usados pela Inquisicao e da repressao exercida sobre o povo, mas tambem uma critica a esse povo que dancava em volta das fogueiras onde se queimavam os condenados e que assistia aos autos-de-fe como se fosse um divertimento comparavel as touradas.
Em Mafra, a satira abrange a situacao dos trabalhadores que sao tratados como tijolos. E criticado o rei que manda recrutar os homens validos sem contemplacoes nem humanidade e tambem o principe D. Francisco que se entretem a espingardear os marinheiros so para se divertir e quer seduzir a cunhada para chegar ao trono.
No romance, entrelaçam-se os dados históricos com os ficcionais e são estes que vão dar maior encanto
à narrativa.
O lado histórico
A história passa-se no século XVIII. Começa por volta de 1711, três anos após o casamento do rei D. João V com D. Maria Ana Josefa de Áustria. Termina em 1739, vinte e dois anos depois, quando se realiza um auto-de-fé em que morre António José da Silva. Os acontecimentos e as personagens são reais, as datas respeitam o que se passou na época.
As referências ligadas ao Convento de Mafra, na realidade correspondem à verdade histórica, por exemplo, a bênção da primeira pedra do Convento, cujas cerimónias tiveram início no dia 17 de Novembro de 1717.
Factos que são considerados históricos por poderem ser comprovados em livros e crónicas da época:
A indecisão do rei quanto ao número de frades;
O voto de D. João V que originou a construção do convento;
A matéria-prima e os artistas que vieram de vários países da Europa e do Brasil;
O desejo do rei de que a cerimónia da sagração coincidisse com o seu aniversário;
O trabalho que foi exigido aos operários para que os prazos fossem cumpridos;
O recrutamento obrigatório feito a nível nacional;
A origem das pedras de Pêro Pinheiro;
O casamento dos infantes portugueses e espanhóis;
O músico italiano Domenico Scarlatti que veio para Portugal para dar lições à infanta D. Maria
Bárbara;
Os autos-de-fé e as perseguições levadas a cabo pela Inquisição;
A construção da passarola pelo padre Bartolomeu de Gusmão.
O lado ficcional
O narrador, consciente de que só as pessoas das classes altas se imortalizam na História, tenta
individualizar o maior número de elementos pertencentes ao povo para que também sejam lembrados e
assim se faça justiça. Assim se explica a referência aos trabalhadores Francisco Marques, Manuel milho,
Álvaro Diogo, João Francisco, José Pequeno, Joaquim Rocha, Julião Mau -Tempo.
Outras personagens ficcionais sao:
Sebastiana Maria de Jesus - mae de Blimunda, degredada para Angola;
Alvaro Diogo e Ines Antonia - irma e cunhado de Baltasar;
Joao Francisco e Marta Maria - pais de Baltasar;
Joao Elvas - antigo soldado amigo de Baltasar;
Baltasar e Blimunda - casal amoroso cuja relacao plena de magia nos faz aderir a sua forma de estar na vida. Sao eles tambem os construtores da passarola criando um espaco de evasao do real e ajudando a materializar um sonho.
Ha factos historicos que sao relatados e simultaneamente envolvidos com aspectos ficcionais. Bartolomeu de Gusmao e uma dessas personagens que, apesar de ser historica e ter realmente existido, aparece na obra com aspectos ficcionais que envolvem a construcao da passarola e a sua amizade com Baltasar e Blimunda. A passarola de Bartolomeu de Gusmao entra no plano da ficcao ao ser movida pelas 'vontades' recolhidas por Blimunda.
O NARRADOR. LINGUAGEM E ESTILO
No romance Memorial do Convento o narrador e, geralmente, heterodiegetico, ou seja, trata-se de uma entidade exterior a historia que assume a funcao de relatar os acontecimentos.
O narrador tem um conhecimento absoluto dos eventos e fornece, sobre eles, as informacoes necessarias para que a historia se revista de uma coerencia intrinseca, facultando as relacoes logicas, ao nivel da diegese.
O tipo de focalizacao predominante na obra e omnisciente. Ao longo da obra esta presente um narrador que nao e participante, e omnisciente e a sua presenca torna-se bem visivel estabelecendo uma comunicacao activa com o leitor.
O narrador encontra-se dentro do romance criticando, explicando, sentenciando.
Sao marcas do estilo de Saramago:
- A satira, com recurso a ironia, a linguagem depreciativa e humoristica, a subversao de citacoes biblicas e de proverbios;
- A ruptura com as regras de pontuacao introduzindo um peculiar discurso directo sem utilizar os sinais graficos ao abolir os dois pontos, os travessoes e o ponto de interrogacao e ao utilizar a maiuscula apos uma virgula;
- A presenca do narrador - autor com comentarios, apartes e frases sentenciosas,
- A intertextualidade frequente com Os Lusiadas de Luis de Camoes;
- O uso de formas verbais no presente, no futuro e no gerundio;- Utilizacao do paralelismo de construcao e do polissindeto;
- A enumeracao;
„- A metafora;
„- A ironia;
„- A adjectivacao, por vezes, dupla;
„- Registo de lingua familiar e popular (com sentido ironico e critico ou como forma de traducao do estrato social das personagens);
„- A inclusao de um discurso argumentativo e reflexivo.
A CRITICA
Memorial do Convento e um romance que se apresenta como uma critica cheia de ironia ao que se passava na epoca, inicio do seculo XVIII. E criticada a opulencia do rei e da nobreza, por oposicao a extrema miseria do povo.
A satira esta presente nos casos de adulterio e corrupcao de costumes. Surge a critica a mulher que entre duas igrejas foi encontrar-se com um homem, a uns tantos maridos cucos que sao ingenuos ou que fingem se-lo. (Cap.III, p. 31) Nas classes altas nao escapam a critica os frades que levam as mulheres para dentro das celas e com elas se gozam (Cap. VIII, pp.83/84) nem o proprio rei que considera que as freiras o recebem nas suas camas (Cap. XIII, p.156).
Ha uma constante denuncia dos metodos usados pela Inquisicao e da repressao exercida sobre o povo, mas tambem uma critica a esse povo que dancava em volta das fogueiras onde se queimavam os condenados e que assistia aos autos-de-fe como se fosse um divertimento comparavel as touradas.
Em Mafra, a satira abrange a situacao dos trabalhadores que sao tratados como tijolos. E criticado o rei que manda recrutar os homens validos sem contemplacoes nem humanidade e tambem o principe D. Francisco que se entretem a espingardear os marinheiros so para se divertir e quer seduzir a cunhada para chegar ao trono.
Amor contratual Rei/Rainha e Amor verdadeiro Baltasar/Blimunda
AMOR CONTRATUAL
(REI/ RAINHA)
AMOR VERDADEIRO
(BALTASAR/ BLIMUNDA)
„± Unidos por contrato estabelecido entre casas
regias
„± Casaram-se sem se amar
„± Casados pela Igreja „
„± Casados ha mais de dois anos „
„± Vida opulenta e luxuosa „
„± Vestidos nos encontros amorosos com o trajo
da funcao e do estilo
„± Dormiam em quartos separados, juntavam-se
apenas para o acto sexual
„± Relacao com o fim unico de dar um herdeiro a
coroa
„± Sexualidade encarada como uma obrigacao
regia com o fim de procriar
„± Encontros amorosos no quarto da rainha „
„± Excesso de formalidades e cerimonias „
FRUSTRACAO PESSOAL
(REI/ RAINHA)
AMOR VERDADEIRO
(BALTASAR/ BLIMUNDA)
„± Unidos por contrato estabelecido entre casas
regias
„± Casaram-se sem se amar
„± Casados pela Igreja „
„± Casados ha mais de dois anos „
„± Vida opulenta e luxuosa „
„± Vestidos nos encontros amorosos com o trajo
da funcao e do estilo
„± Dormiam em quartos separados, juntavam-se
apenas para o acto sexual
„± Relacao com o fim unico de dar um herdeiro a
coroa
„± Sexualidade encarada como uma obrigacao
regia com o fim de procriar
„± Encontros amorosos no quarto da rainha „
„± Excesso de formalidades e cerimonias „
FRUSTRACAO PESSOAL
AMOR VERDADEIRO
(BALTASAR/ BLIMUNDA)
„± Uniram-se de livre vontade
Amaram-se sem se casar
juntos sem a bençao da igreja
blimunda era virgem
partilha de uma vivencia humilde
despidos nos actos amorosos
dormiam smp juntos e aconchegados
Espontâneas manifestações de um amor
espiritual e carnal
jogos eroticos sem fins procriativos
Encontros amorosos em espaços múltiplos e
variados
Vivência activa e espontânea do amor e da
sexualidade
REALIZAÇAO PESSOAL
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