Tempo da História
(século XIX – 1817)
- agitação social que levou à revolta
liberal de 1820 – conspirações internas;
revolta contra a presença da Corte no Brasil e influência do exército britânico
- regime absolutista e tirânico
- classes sociais fortemente hierarquizadas
- classes dominantes com medo de perder privilégios
- povo oprimido e resignado
- a “miséria, o medo e a ignorância”
- obscurantismo, mas “felizmente há luar”
- luta contra a opressão do regime absolutista
- Manuel, “o mais consciente dos populares”, denuncia a opressão e a miséria
- perseguições dos agentes de Bereford
- as denúncias de Vicente, Andrade Corvo e Morais Sarmente que, hipócritas e sem escrúpulos, denunciam
- censura
- severa repressão dos conspiradores
- processos sumários e pena de morte
- execução do General Gomes Freire
Tempo da escrita
(século XX – 1961)
- agitação social dos anos 60 – conspirações internas; principal irrupção da guerra colonial
- regime ditatorial de Salazar
- maior desigualdade entre abastados e pobres
- classes exploradas, com reforço do seu poder
- povo reprimido e explorado
- miséria, medo e analfabetismo
- obscurantismo, mas crença nas mudanças
- luta contra o regime totalitário e ditatorial
- agitação social e política com militares antifascistas a protestarem
- Perseguições da PIDE
-
denúncias dos chamados “bufos”, que surgem na sombra e se disfarçam, para colher informações e denunciar
- censura à imprensa
- prisão e duras medidas de repressão e de tortura
- condenação em processos sem provas
Carácter épico da peça/Distanciação histórica (técnica realista; influência de Brecht)
Felizmente Há Luar! é um drama narrativo, de carácter social, dentro dos princípios do teatro épico. Na linha do teatro de Brecht, exprime a revolta contra o poder e a convicção de que é necessário mostrar o mundo e o homem em constante devir. Defende as capacidades do homem que tem o direito e o dever de transformar o mundo em que vive. Por isso, oferece-nos uma análise crítica da sociedade, procurando mostrar a realidade em vez de a representar, para levar o espectador a reagir criticamente e a tomar posição.
O teatro é encarado como uma forma de análise das transformações sociais que ocorrem ao longo dos tempos e, simultaneamente, como um elemento de construção da sociedade. A ruptura com a concepção tradicional da essência do teatro é evidente: o drama já não se destina a criar o terror e a piedade, isto é, já não é a função catártica, purificadora, realizada através das emoções, que está em causa, pela identificação do espectador com o herói da peça, mas a capacidade crítica e analítica de quem observa. Brecht pretendia substituir "sentir" por "pensar".
Observando Felizmente Há Luar! verificamos que são estes também os objectivos de Sttau Monteiro, que evoca situações e personagens do passado (movimento liberal oitocentista em Portugal), usando-as como pretexto para falar do presente (ditadura nos anos 60 do século XX) e assim pôr em evidência a luta do ser humano contra a tirania, a opressão, a traição, a injustiça e todas as formas de perseguição.
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